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“confusions” linguísticas

registrar para não perder a piada e por que um dia, bem antes do que a gente pensa ele vai falar tudo certinho…

não precisa chamar o conselho tutelar… só parece, mas não é…
o que ele quer dizer é : Casa de fusta (madeira em catalão)

Orgulho da mãe em 25′

Esses dias a professora do João me comentou que ele foi um dos primeiros da classe em escrever seu nome. Fico (ainda mais) orgulhosa porque ele é um dos petits da sala, nasceu em dezembro, e com 3-4 anos ainda dá pra notar uma diferença grande entre os que nasceram no começo do ano, para os do final.

Mas sem querer tirar o mérito da professora (que é ótima) contei pra ela que ele aprendeu a escrever seu nome nas férias no Brasil, primeiro a gente brincou algumas vezes de encontrar as letras no teclado, e rapidamente ele já sabia escrever o nome dele, com til e tudo mais e em teclado espanhol (que não tem o til). Daí pra brincar de escrever o nome na areia da praia foi um pulo… e de tentar no papel outra brincadeira.

Pena que não temos video das nossas “escrivinhanças” na praia e as primeiras letras do petit…

Mas pra ficar registrado:

Orgulho da mãe em 25 segundos

 

 

Beijo de mãe

O João caiu da bicicleta e deu uma ralada no joelho, na hora fez cara de choro e exigiu logo:

– Cura mamãe, cura.

E a mamãe foi curar…  Dei 3 beijos no joelho machucado, e no segundo depois, ele já estava correndo e brincando, como se nada tivesse acontecido.

No mesmo dia, depois do banho ele percebeu que o machucado ainda estava ali, pediu outra vez para que eu o curasse, fui lá e dei um beijo caprichado. Ele achou que ainda doía um pouco e pediu outro. Dei outro beijo com uma grande concentração de amor e energia curativa… Ele examinou atentamente o machucado e disse:

– Mamãe, esses beijos já não curam meu machucado, você pode colocar um band-aid?

🙁



 Será que band-aid cura auto-estima ferida? Vou alí pegar dois e já volto… 

NÃO VAI PASSAR!

Ei petit astronauta!

No mundo da maternidade tem um velho mantra que diz que “Vai passar!”…

TUDO CHEGA E TUDO PASSA, tá escrito num cartão de aniversário que Dinda fez pra mamãe no aniversário dela de 30 anos… quando você ainda nem existia.

Que grande são essas palavras, porque acreditando nelas, passamos juntos o primeiro mês, a crise dos 3 meses, a dos 8 e a dos 14. Superamos a tal angustia da separação, a fase do colo full time, as noites intermitentes, a fase do grude, a fase do meu, os terribles twos (ops… esse ainda não está totalmente superado)…

mas, é bem verdade… Tudo chega e tudo passa!

VAI PASSAR…

Só que tem coisas que não importa o tempo que passe, não passam…

A emoção que sinto de te ver crescer, é uma delas.

 Essa emoção cresce a cada dia um pouco mais!

E o AMOR!

ah…. o amor!

O amor que eu sinto por você, filho…

Esse…. NÃO VAI PASSAR… nunca!

o meu amigo Mickey Mouse

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Já faz tempo o João descobriu “la casa de Mickey Mouse” e foi amor ao primeiro desenho,
Desde então o Mickey virou mais do que o personagem preferido, virou o ídolo, o confidente o amigo invisível.
Algumas vezes flagrei ele no telefone “ligando” para o Mickey para contar a ultima novidade, ou aquela vez, que o vi na frente do computador mostrando ao desenho a pantufa nova que ele tinha ganhado.
Depois do Mickey, os outros são os outros e só. A gente até tentou durante um tempo incentivar outros programas, para a hora da televisão, mas totalmente em vão.
Foi então que relaxamos e seguindo o conselho daquele velho ditado que fala que se não pode com o inimigo junte-se a ele, resolvemos tirar partido dessa paixão, e conseguimos vários desenhos da casa do Mickey Mouse em português (do Brasil, claro!).
Foi quando o Goofy finalmente virou Pateta, e vez ou outra me surpreendo escutando do pequeno uma palavrinha nova, daquelas que ainda não tinha tido oportunidade de ensinar.
E eu que sempre tive minhas teorias sobre televisão, personagens, e todo o reclame comercial desse tipo de “produto”, reconheço que a babá eletrônica (usada com moderação!) também pode ter um lado educativo.
Porque não?
 A final, nem tudo é preto ou branco na vida, né?

menino grande

terça feira que vem, acabam as férias, e o meu petit começa uma nova aventura…
o colégio dos maiores, ou o “cole dels grans” como ele mesmo fala.

parece que foi ontem, que passamos pela porta do colégio com um bebezinho no colo e comentávamos que quando ele fosse “grande” queríamos que estudasse alí, como se isso fosse demorar tanto tempo pra acontecer.

 Clique na imagem para ampliar.
Tirinha: http://depositodocalvin.blogspot.com/

Então tá… Vou alí passear com o pequeno, ir a praia, a biblioteca, ao parque, até pular a cerca se ele quiser…  pra compensar a culpa em potencial das horas de televisão desses ultimos dias   e aproveitar esse restinho de férias.

Bom fim de semana!

Monotemática

Coisa doida, é mesmo esse lance de blog de mãe a gente fica meio monotemática mesmo, como falou a Rô nesse post aqui.
Mas se paramos pra pensar, somos sempre um pouco monotemáticos nas várias fases da nossa vida.
Tipo assim, quando tem copa do mundo, alguém consegue falar de outra coisa que não seja futebol? E quando você está apaixonado? Dá pra falar de qualquer outra coisa, a não ser quão lindo e maravilhoso é a nossa cara metade? Quem gosta de politica em época de eleição, fala de outra coisa? E quando rola um projeto novo e emocionante, não dá vontade de compartilha-lo com todo mundo?
Somos assim mesmo, movidos a paixão. E a paixão sempre te deixa um pouco bobo e monotemático, e barulho vira musica, e cada pequena conquista é um grande evento e tem que ser divulgado e compartilhado.
E cá pra nós, existe paixão maior e mais duradoura que paixão por filho??

***

Acabada essa pequena introdução, (e devidamente justificada) podemos voltar a temática do mês.

O desfralde do João, Parte III
Prometo que não vou escrever infinitas linhas pra contar que o filhote já está praticamente desfraldado, que esta semana não escapou nenhum xixi, nem cocô na escola. Que em casa, tivemos pequenos acidentes “xixizicos“, que por sinal a maioria foram por esquecimento por parte da mãe (ou responsável) mas que os cocôs todos, foram devidamente avisados e despachados no lugar certo, um verdadeiro homenzinho se transformou o meu pequeno bebê.

O que eu queria mesmo, pra descontrair esse papo monotemático de xixis e cocôs, é relatar algumas pérolas do desfralde.

1) Um dia qualquer depois de comer feijão.
João: Cocô, cocô, cocô
corremos pro banheiro, e devidamente acomodado, faz cara de apertar, ri e fala: Era só um pum!
(e a história se repete várias vezes durante o dia)

2) Depois de explicar que o cocô saía pelo bumbum e xixi pelo pinto, ele solta essa pérola.
A mamãe não tem pinto, a mamãe só tem bumbum.

3) Brincando de playcenter em casa.
(Brincar de playcenter = Mamãe deitada no colchão no chão, com as pernas flexionadas, e o filhote sobe e se se equilibra, fazemos movimentos vários, baixar, subir, ele fica de pé, solta mão e depois pula).
No meio da brincadeira, e depois de muitas risadas, ele lá em cima da mamãe preparado para pular, para durante alguns instantes, e coloca uma cara estranha, um segundo depois o xixi começa a escapar.
O jeito foi esperar ele terminar e depois correr pro banheiro pra uma troca de roupa coletiva.

Bom fim de semana! e beijos

Recadinho pro visitante 60.001:
Me manda um e-mail, tô curiosa pra saber quem é você! Obrigada!

Fase 1 – O (pré) desfralde

(Atualizando o post “Primavera, e agora?” , sobre o início do desfralde).

No primeiro dia tivemos uma boa aceitação do pequeno em relação a grande novidade, mas no dia seguinte ele ficou um pouco borocoxô e com diarreia e por esse contratempo, que demorou quase uma semana para alcançar uma consistência aceitável (ops!), adiamos um pouco o processo.

Enquanto isso, aproveitei para ler artigos e dicas de amigas blogueiras que já passaram por esta fase, conversei com a educadora da escolinha do João e fui tirando minhas próprias conclusões sobre o tema.
Apesar da educadora sugerir que o melhor era ser “radical”, decidir tirar a fralda e já não voltar a coloca-la (a não ser para dormir) resolvi ser um pouco mais flexível e incluir no processo do desfralde um período de prova, o pré desfralde, e assim sem pressão ir-nos adaptando à novidade.

Nesse pré desfralde, o João ficava em casa sem a fralda, mas a fralda era colocada para dormir e para sair, inclusive para ir para a escolinha (que ele frequenta só pelas manhãs).

Analisando essas primeiras semanas, arrisco dizer que o pré-processo (no nosso caso!) foi bacana pra ele e importante pra mim.
Muito se fala, sobre a preparação dos pequenos para o desfralde, mas esquecemos que é importante que os pais também estejam preparados e predispostos a encarar essa sujeira etapa.

No meu caso, precisei dessa primeira fase para superar a preguiça dos trapos sujos e adaptar-me a nova rotina, fui aprendendo a não esquecer de estar sempre lembrando “sutilmente” que podia ser hora de fazer xixi, primeiro em curtos espaços de tempo, ir espaçando pouco a pouco e logo superar minha ansiedade e esperar que ele mesmo tomasse a iniciativa.
Fui aprendendo a respeitar o “não quero!” contundente e nessa hora não insistir pra que ele sentasse no peniquinho, só pra ver se saía alguma coisa…
Encomendei doses extras de paciência, comprei cuequinhas novas com estampas atrativas, aprendi a controlar a logística de calças e cuecas limpas, (que sem babá nem empregada, pode ser um trampo!), suspirei aliviada ao perceber que o xixi não mancha o chão de madeira (mesmo a tratada só com óleo) e fiquei muito mais atenta pra tentar entender o ritmo intestinal do filhote e poder ajuda-lo identificar a hora de fazer cocô.

Nessa primeira fase, ele tirou o xixi de letra, com pouquíssimas escapadas, depois de alguns dias, já ia sozinho ao banheiro e fazia xixi de pé (com uma super boa pontaria no penico). Genial!
Com o cocô o processo foi mais lento, os dois primeiros na cueca foram suficientes para que ele encontrasse uma alternativa pra aquela meleca toda, então ele aprendeu a segurar o cocô até a hora da fralda, seja pra fazer a soneca da tarde, pra dormir de noite, ou para sair.
Mas teve um dia que ele não conseguiu segurar, estava brincando lá fora e entra em casa gritando: “cocô, cocô!” Levo ele no banheiro, ele senta na privada durante 2 segundos, trava e já quer descer… 2 minutos depois a mesma gritaria e o ritual se repetiu por mais cinco vezes, sabia que ele estava super incomodado, mas não conseguia relaxar pra fazer o dito cujo. Então tive a ideia de deixar o peniquinho lá fora, onde ele estava brincando, e pouco tempo depois ele entra em casa eufórico e me puxa pela mão pra ver. Comemoramos muito aquela (enorme) obra maestra e ele se sentiu orgulhoso do próprio feito.

Foi o sinal que esperávamos pra passar pra 2ª fase, “o desfralde diurno completo”.
Já faz uns dias a fralda é usada somente para dormir, em casa é um sucesso, na escolinha estamos ainda aprendendo, nesses primeiros dias sempre tem alguma escapadinha do xixi, e o cocô (ainda) só em casa.
Acho que já estamos avançados no processo.
E quer saber?
Está sendo infinitamente mais fácil (e limpo) do que eu pensava!

Olha quem está falando!

Quando escrevi o post “Corujices” com as primeiras palavrinhas do João, pensei que estaria sempre atualizando aqui no blog, o vocabulário do pequeno. Mas aí vem a falta de tempo, a falta de inspiração, a falta de vontade…o esquecimento… e daquele post, já passou mais de 6 meses.
Nesse período o vocabulário do pequeno diminuiu e mudou para depois aumentar… pouco a pouco as silabas se transformaram em palavras, as palavras se juntaram formando pequenas frases, e com um pouco de paciência e muita imaginação as frases soltas, viram um pequeno dialogo multicultural.
Apesar da minha insistência, de falar com ele sempre em português, dos DVDs, de pedir aos amigos brasileiros que falem com ele em português, do Palavra Cantada, do “parabéns pra você” e da musica do “pato” (João Gilberto), apesar de tudo isso e do quão musical e lindo é o nosso idioma, o João tomou partido e se comunica principalmente em catalão.
Normal, né? A influência do meio é grande, o super papa, “la iaia”, a escola.
O lado bom é que ver um garotinho que não chega ao metro de altura falar expressões típicas catalanas, é engraçado demais! Mas por outro lado: ler os blogs das mamães no Brasil e morrer de fofura ao ler que do lado de lá, os garotinhos e garotinhas falam coisas do tipo, mamãezinha linda, ou “quelida” ou bonitinha e afins, é (confesso!) de morrer de inveja.
Mas enfim… é a consequência de ter um filho gringo. Fazer o que?
Segundo o super papa, eu não devo me preocupar, que mais cedo ou mais tarde, ele vai falar em português, eu sei! Como também sei que até o próximo intensivo de “português du Brasil, nu Brasil” tenho que me consolar com o “Mami” dito de forma manhosa, que não se compara a um delicioso, “mamãezinha linda” porém quando seguido de braço em volta do pescoço e tapinha nas costas, também é gostoso, né gente?
O que importa é que ele entende perfeitamente o português, (e também o espanhol) fala palavras soltas dos 3 idiomas (e as vezes chega da escola com alguma palavrinha nova em inglês), repete comigo, quando eu faço a tradução simultânea, e algumas vezes inventa palavras misturando os idiomas, que não deixa de ser engraçadíssimo.
E pra deixar registrado, algumas das minhas preferidas (ou as que lembro na hora de fazer o post):
Uao – João
pieu – perdeu – essa palavrinha, merece um post, e vocês não podem imaginar, o quanto ela é usada e nos contextos mais inusitados.
ti tan“i tant” – expressão catalana, mais ou menos como “com certeza” usado de forma divertida pela forma que ele encaixa a palavrinha no dia a dia.
Auxili – “auxili” – forma de pedir ajuda formalmente em catalão – usada informalmente e muitas vezes ao dia, em um tom de voz um pouco histérico, para pedir ajuda tanto para subir, descer, abrir, fechar, levantar, quanto para que alguém o socorra quando eu o agarro e dou beijos de forma exagerada.
Si, mama! – essa na verdade destaca pela forma que é dita. Sabe o “tá bom mãe” dito por um adolescente quando concorda só pra que a mãe deixe de “pentelhar”? Ele, com 2 anos, alcança o mesmo tom de voz e significado.
ammé – também – (mas parecido ao catalão: també) – ou a forma de citar todos daqui de casa, por exemplo:
– A mamãe vai de bicicleta.
Ele: o uão ammé (pausa) o papai ammé (pausa) a mamãe ammé (pausa) a preta ammé.
E as vezes volta ao começo e repete tudo de novo.

No fim das contas, seja qual for o idioma, o desenvolvimento da fala, é divertimento garantido. Sempre!

Primavera! E agora?

A chegada da primavera, para os pais de crianças na faixa dos 2 anos, significa (na grande maioria das famílias) que chegou a hora do desfralde.
Não costumo me guiar pelo calendário, porque acredito que cada criança tem seu ritmo. E se respeitamos o ciclo de cada processo de crescimento, tudo acontece de forma mais natural e fácil.
Mas dessa vez, (talvez) nadaremos a favor da maré.
Enquanto o João apresentava alguns sinais, em casa já nos questionávamos se era o momento, a educadora da escola propôs de começar um “treino” de desfralde e um sol um pouco tímido começou a aparecer.
Com esse conjunto de fatores, resolvemos “experimentar”.
Recuperei o penico e o redutor que estavam guardados no fundo do armário, Conversei com o filhote e expliquei que ele podia escolher entre fazer xixi no peniquinho ou no vaso sanitário, provamos de sentar nos dois pra ver qual ele gostava mais.
E como quase sempre, ele reagiu bem à novidade, gostou de cara da ideia, abaixou a calça, tirou a fralda e fez um xixizão no penico, vibramos com o acontecimento e ele se mostrou ficou super feliz e orgulhoso da própria proeza.
Foi um bom começo, mas tenho consciência de que é só um primeiro passo do caminho.
Espero ter a sabedoria de reconhecer os sinais e respeitar o tempo dele, sempre!
E se preciso, abortar o processo esperar um pouco mais para começar tudo de novo… quando for a hora.

Ele

está cada dia mais “falante e crescido”, brinca e sobe e desce e pula e ri e canta e dança e chora e aprende e aprende e aprende, diariamente…

Ele adora inspecionar meu nariz e morder o meu queixo e sempre me dá muitos beijos e abraços e tapinhas nas costas. Não entende a frase “espera um pouco que agora estou ocupada”, mas sempre me ajuda nos afazeres domésticos, é o colocador oficial da pastilha da maquina de lavar louça, não é muito comilão, mas adora fruta, sabe as gavetas que não se pode abrir, sabe os livros que não se pode tocar… mas as vezes “esquece”.
Ele vai pra escola de bicicleta, e já sabe que só pode atravessar a rua quando o “homenzinho” está verde, e repete a exaustão, “vêdi si, melho no, vêdi si, melho no…” .
Ele sempre busca a lua no céu e adora quando encontra as estrelas…

Ele não gosta de dormir sozinho então me deito com ele, e esperamos o sono vir e se eu saio do quarto ele me chama, e aponta com o dedo o lugar que ele quer que eu me deite, ali do seu lado… e ele segura minha mão, e antes de fechar os olhinhos me dá beijos e sorri e eu sorrio também e lembro que não quero esquecer que eu as vezes reclamo e me canso… mas amo, amo infinitamente esses nossos momentos.
Porque ele é minha fonte de alegria… diariamente!

A primeira bicicleta

Até um pouco antes do João fazer 2 anos, brincávamos que ele era a criança mais sem brinquedos da história. (Obviamente, era uma brincadeira, uma maneira de ironizar o fato de que ele tinha poucos brinquedos). Ele até tinha uma caixa de brinquedos, com os mordedores de quando era bebê, peças de plastico de montar, algum carrinho de tudo a 1,99 e outros que ele tinha ganhado ou herdado, mas no final ele gostava mesmo era de brincar com Tupperware, lápis e papel, a bola de vôlei da mamãe, os instrumentos de percussão do papai ou qualquer outra coisa que não fosse destinada exclusivamente a brincadeira de criança.

Talvez por isso “esquecíamos” de comprar brinquedos para ele.

Para compensar (ou para justificar) dizíamos que para o aniversário de 2 anos do pequeno, compraríamos um brinquedo bem legal. O super papa já sabia exatamente o que… e durante alguns meses pesquisamos, namoramos, escolhemos o modelo e a cor e criamos muita expectativa do quanto ele ia desfrutar do super presente de aniversário.

No dia do aniversario do papai, (uma semana antes do aniversário do filhote), resolvemos não esperar mais e comprar de uma vez o tal brinquedo dos (nossos) sonhos.

Era uma bicicleta, dessas sem pedal, especial para crianças pequenas, uma boa maneira de treinar o equilíbrio, a coordenação, a agilidade e desfrutar desde pequenininho da aventura do movimento.

Quando o papai chegou em casa com o presente e o João viu a bicicleta ficou eufórico, repetia a bici, a bici sem parar, super feliz até tentar subir e não conseguir tocar os pés no chão… ainda faltavam uns 3 cm para que ele pudesse andar de bicicleta com segurança.

E foi um pouco frustrante para todos.Talvez por nossa alta expectativa e por fazer um pouco de pressão para que ele provasse mais vezes, ele se negou a brincar com a bicicleta e o super presente ficou ali num canto do quarto durante um bom tempo, as vezes depois de um pouco de insistência, ele andava na pontinha do pé durante 1 minuto pela casa, mas bastava um mínimo desequilíbrio para que ele a abandonasse outra vez num canto qualquer.

Até que faz umas duas semanas ele ficou dodói e teve febre (dizem que as crianças crescem quando tem febre, ou tem febre porque crescem…. ou alguma bobeira assim). O fato é que ele cresceu alguns centímetros e os pés já alcançam o chão sentado na bicicleta, insistimos um pouco mais e ele foi tomando gosto pela coisa, se acostumando e se sentindo confortável “sobre rodas”.

Esse fim de semana, a bicicleta foi a protagonista, ele subiu, desceu, fez curvas, estacionou, correu, caiu, levantou, sorriu e desfrutou tanto, tanto, tanto da bicicleta quanto a gente… de vê-lo feliz.

Birras – Capítulo 1

Sabe aquela frase, que diz, que quando conseguimos todas as respostas, mudam todas as perguntas?

Exatamente assim acontece, no aprendizado de ser mãe. Quando superamos ou aprendemos a lidar com uma fase, crise ou “problema” aparece outro diferente e mais desafiador.

Já faz uns dois meses mais ou menos, que aconteceu uma mudança muito brusca no comportamento do João.

O meu pequeno sorridente, brincalhão, divertido e simpático, de uma hora para outra se “transformava” em outra pessoinha, negativista, desafiante e monologuista de uma só palavra: NO! Muitas vezes, seguida de choro, empurrões, alguma mordida, tapa ou “birra”…

Minutos depois, como um passe de mágica, voltava a ser o meu menininho doce e alegre de sempre.

Reconheço que as primeiras mudanças repentinas de humor, me deixaram bastante nervosa, ansiosa e sem saber muito bem como manejar essa nova etapa.

Eu tinha respostas desencontradas na minha cabeça, sabia exatamente o que não fazer: “não gritar, não perder a paciência, não bater (nem um tapinha nem um tapão)” sabia que não podia simplesmente não fazer nada, mas não sabia o que fazer.

Foi quando comecei a busca por entender um pouco mais sobre essa fase de pré adolescência precoce do filhote.

Logo de cara, uma “boa” notícia, as “birras” acontecem mais ou menos, a partir dos 18 meses até os 3 anos e meio. (E são mais frequentes nos meninos que nas meninas). LEGAL! (pensei). E foi uma ótima motivação para aprender mais sobre elas, já que provavelmente vamos ter que conviver durante uns 2 anos.

Li muita coisa interessante (e algumas tristes também), e tenho vários links e algumas páginas de Word com o que eu me identifiquei. Quero fazer um resuminho e ir postando por aqui, para dividir com vocês o aprendizado e para não esquecer.

Pouco a pouco, vou assimilando, entendendo e me dando conta que tudo é tão mais simples… E podia se resumir facilmente em 3 passos:

Uma boa dose de paciência.

Acreditar que vai passar e

Usar essa frase como lema: “Ama-me quando eu menos merecer, pois é quando eu mais preciso.”

Ps.: Alguém pode me dizer a definição de “birra” segundo o Aurélio?

Si us plau.

Obrigada!

Capítulo 2: Entendendo o processo

BIRRA:

Segundo o Aurélio: 1. Teima, teimosia, obstinação. 2. Amuo, arrufo; zanga…
E segundo o Houaiss: 1. ato ou disposição de insistir obstinadamente em um comportamento ou de não mudar de ideia ou opinião; teima, teimosia. 2. sentimento ou demonstração de aversão ou antipatia, esp. quando renitente e motivado por algum capricho, paixão ou suscetibilidade; implicância, má-vontade, prevenção 3. estado ou disposição de quem tem mau humor, zanga, irritação, aborrecimento etc… 4. desentendimento ou desavença.

 

(obrigada a Anna, Lilata e Cynthia pelas definições)

Se juntamos as definições da palavra birra: “teimosia, mau humor, zanga, má-vontade, implicância, capricho, suscetibilidade….”com a imagem que temos de uma criança “birrenta” (sapateando e gritando no meio do supermercado). O resultado fica tão estereotipado que parece que o objetivo das birras seja sempre o mesmo: provocar, manipular, desafiar e destruir em fração de minutos a nossa reputação de bons pais.

Talvez um bom começo, para aprender a lidar com as “birras” seja mudar o (pré) conceito que temos em relação a elas, porque essa imagem estereotipada (e equivocada), não ajuda em nada no momento da crise.

“Ama-me quando eu menos merecer, pois é quando eu mais preciso.” Lembra?

É preciso rever nossos conceitos!

Compreender que a “birra” não é uma forma de rebeldia e desobediência, ajuda a que sejamos mais flexíveis com eles. É também uma forma de tentar entender o que passa na cabecinha dos pequenos, para poder ajudá-los de uma maneira mais efetiva (com amor e muita paciência) a superar esse “processo de crescimento”.

Para quem lê em catalão, super recomendo o texto: “Prendre amb calma les rebequeries” do psicopedagogo: Miquel Àngel Alabart.
Fiz uma tradução/interpretativa e um pouco resumida, porque o texto é incrível e acho que vale a pena comparti-lo. Me ajudou a entender melhor essa fase e a aprender com aprendizado do meu filho. Espero que gostem:

Uma criança, a partir de 1 ano e meio, ou quando começa a formar uma ideia de si mesmo, começa a provar os limites do seu EU e o resto do mundo. Isso, logicamente choca quase sempre com este “resto do mundo” que na maioria das vezes se compõe de: mãe, pai, irmão, outras crianças, areia do parque, balanço, guloseimas e outros objetos de desejo que nem sempre aceitam ser desejados.

– Eu quero isso que depende de você, mas você não me dá.

É assim que a intrépida criatura, descobre a frustração. E a combinação de frustração, hormônios, nervos, ambiente e outros fatores, faz que, em determinados momentos, esta frustração estale em forma de “birra”.

Mas, porque esses sentimentos afetam tanto, aos pequenos?

Tudo depende, como sempre, de se as necessidades básicas estão cobertas ou não. Não é o mesmo frustrar uma necessidade real do que frustrar um desejo impossível ou não recomendável. É mais fácil que o desejo que expressa (“eu quero a jaqueta amarela”) esconda o real desejo (“necessito sair e tomar um pouco de ar”). E só se estamos realmente conectados com os nossos filhos, podemos compreender, ante uma birra, o que está acontecendo, o que ele sente e o que necessita realmente.

As birras também têm a função de descarregar a tensão que provoca a frustração das situações cotidianas insatisfatórias.

Existe todo um aprendizado a fazer sobre como a realidade nem sempre corresponde aos nossos desejos. E eles têm que passar por esta fase para poder crescer e o único que podemos fazer, é acompanhar nossos filhos nesse caminho.

E quando falamos de acompanhar, nos referimos a demonstrar o quanto o amamos, e que estamos aí, respeitando o seu processo, muitas vezes sem intervir, mas sem abandona-lo.

Porque eles necessitam saber que toda essa mistura de emoções que sentem é válida, que não o censuramos e que sempre o acompanharemos.


Que as birras seja uma reação normal, não quer dizer que seja fácil aceita-las. Normalmente nós (os pais), também estamos bastante estressados e ainda mais temos a tendência a pensar que os pequenos pensam da mesma maneira que nós, ainda que não tenham mais de 2 ou 3 anos. Achamos que eles deveriam entender que existem coisas que simplesmente não podem ser. Mas, como se pode comprovar, não é assim… Quando uma criança de 3 anos está gritando e protestando porque não compramos aquele pirulito com pozinho azul, ela não espera um argumento, e também não quer se acalmar. Isso é o que NÓS queremos. Mas como ela não se acalma, nem com os argumentos, nem com nada, o mais provável é que acabamos ameaçando ou cedendo, para acabar logo com aquela cena. O caso é que nesse momento, estaremos mais tensos e dessa forma não podemos ajuda-la a que se acalme.


O resultado é que a criança comprova assustado que a birra, em princípio espontânea e quase só uma reação física, pode ter algum efeito. Ou porque provoca atenção e reação no adulto, ou porque consegue o que queria. E assim, muitas crianças dessa idade aprendem que, em um momento dado, uma boa birra pode ter efeitos interessantes.

Antes de chegar a esta confusão, acreditamos que vale a pena voltar atrás e observar atentamente ao pequeno, estar atentos ao seu estado de ânimo, da acumulação de frustrações e stress, das necessidades do momento (sono, fome, atenção… e inclusive a necessidade de chorar e gritar). Pode ser que de um momento ao outro estoure uma ensurdecedora birra. E temos que estar atentos ao que ele necessita.

Entender todo esse processo, nos pode ajudar a estar inteiramente presente ante as birras dos nossos filhos e poder ajudá-los. E uma vez acabada poder ensinar outras maneiras de canalizar as emoções.
Talvez explicando, se é possível, como até uma frustração pode ter elementos de esperança. “agora não compramos o chocolate porque você acabou de comer esse doce, mas não se esquece que hoje para jantar vamos comer salada de fruta”. Claro que não era a guloseima que ele queria, mas é que a vida é assim: muitas vezes não é como esperamos, mas pode ser igualmente surpreendente e no final, talvez acabamos rindo.

E se de vez em quando, recordamos esse aprendizado a nós mesmos e o transmitimos aos nossos filhos “por contagio” não deixa de ser uma saudável lição de vida… que acabamos aprendendo depois de muitas birras.

 

**

No Capítulo 3: Dicas práticas de como lidar com as birras. Link aqui

Obrigada pelos comentários no post do Capítulo 1. Adoro quando vocês participam ativamente dando dicas, definindo, contando suas próprias experiencias e enriquecendo o post.

Valeu! Beijos

Capítulo 3: Como lidar com as birras

Porque a maior parte das birras acontecem no “pior momento”?

Com certeza porque também é o pior momento para a criança. Se você está estressado, teu filho também estará, então existe uma maior chance da birra aparecer, e por razões menos previsíveis.

Isso também explica porque custa tanto, algumas vezes, afrontar uma birra: Porque nesse preciso momento, é justo o que não estamos dispostos a fazer.

Mas existe outra razão: A pressão social.

Uma criança fazendo birra no meio do supermercado, chama atenção. Nem todos os pais, estão dispostos a suportar todos te olhando e (que aos nossos olhos) podem estar pensando: “que mãe com pouca autoridade”, ou “ esse menino tem fome e o pai não se dá conta”, ou “por favor, que se calhe como seja”…

Está claro que, na realidade, o que acontece é que nos enfrentamos as contradições dos nossos próprios instintos e o que nos inculcaram desde pequenos sobre choro, a boa educação, as emoções e a autoridade.

Devemos entender, que diante da overdose de adrenalina e outros hormônios, o que o pequeno espera encontrar é acima de tudo: segurança e amor incondicional.

Portanto, tentemos manter a serenidade e pensar que a birra é tão espontânea como a fome, que não é uma tentativa de manipulação. Simplesmente eles se expressam.

E se devemos escolher entre “os espectadores” da birra que exigem uma resposta ou teu filho que necessita outra.

Qual você escolhe?

DICAS PRÁTICAS:

1. Compreender que a criança não pretende só provocar os pais e que a “birra” não é uma forma de rebeldia e desobediência. (ver capítulo 2)

2. Escolher as batalhas:
Antes de comprar uma briga, o melhor é perguntar-nos se realmente o que a criança está pedindo é completamente irrealizável.
Se não é perigoso ou nocivo, porque não ceder e evitar um conflito?
Ser totalmente inflexível com os pequenos nos leva a uma relação muito conflituosa. Em outras palavras a Letícia complementou: “Uma dica boa é pensar bem antes de dizer não porque é pior ceder à chantagem. Aquilo que ele está fazendo não pode ou você não quer que ele faça naquele momento. Se é naquele momento, reveja sua decisão antes de pronuncia-la, vai poupar alguns chiliques e não significa que você esteja sendo mole.”

3. Tentar manter a calma. (pelo menos tentar, já que sabemos que ninguém é perfeito)
Se os pais conseguem manter a calma em situações estressantes, os filhos aprendem o mesmo. Não esqueça que eles sempre nos observam e copiam comportamentos, atos e vocabulários. (Children see, children do).

4. Não gritar
Não é o volume, e sim o tom da voz que faz que os pequenos entendam o que queremos dizer. Busca um tom firme e uma cara séria. (Não vale rir, porque perde o efeito-Rever item 2)

5. Nunca bata no teu filho.
Mesmo, se algumas vezes a tentação for grande, lembre-se que você é o adulto da situação. Mantenha a calma. Existem melhores maneiras de fazer com que eles entendam a mensagem.

6. Não trate teu filho como se fosse um adulto.
Se a criança começa a jogar o macarrão no chão, não adianta explicar durante 10 minutos o porque que não deve jogar comida no chão. Simplesmente tire o prato com calma e diga que isso não se faz. Ele entenderá melhor a mensagem.

7. Tenta observar o pequeno colocando-se a sua altura, sem falar nada e esperando com paciência que passe.

8. Evitar que se machuque ou que machuque alguém.
Em outras palavras: Desviar dos tapas sempre (by Mari).

9. Corrigir a conduta.
É importante sempre dizer que determinada conduta não é boa e nunca dizer que eles não são bons.

10. Atuar rápido.
Se demora para transmitir tua mensagem, 3 minutos depois o teu filho já não se lembra o porque da bronca.

11. Muda a estratégia.
O que funcionou quando teu bebê tinha 15 meses, talvez já não seja tão efetivo quando ele faça 2 anos. A Letícia deu a dica: Mudar o foco do conflito e além de paciência, ter criatividade para ajudar a mudar o foco mais rapidamente.

12. Dá um tempo
Para as “birras” mais terríveis e quando as alternativas acima não surtiram efeito, uma opção é se afastar durante poucos minutos e esperar.

13. Quando você perceber que ele começa a se acalmar, dizer baixinho palavras para que ele se dê conta que você o entende. (você ficou bravo, né?… é porque você queria tal coisa… )

14. Quando você perceber que ele baixou a guarda, ofereça um abraço (o necessitareis os dois).
É importante terminar uma discussão de disciplina com um comentário positivo, e amoroso, isso demonstra que você é capaz de esquecer, perdoar e olhar pra frente em vez de ficar ressentida.

15. Propor uma alternativa
Depois da catarse, eles necessitam agarrar-se em algum êxito. E no dia a dia, oferecer (quando possível) duas opções é uma boa forma que eles se sintam com poder de decisão.16. E se alguma vez, perder a calma, falar pra si mesmo:
“Está tudo bem, não sou a primiera mãe (ou pai) que perde as estribeiras com uma birra”.

E tentar fazer diferente a próxima vez…

CAPÍTULO 2: Entendendo o processo.

Referencias para este post:Miquel Àngel Alabart (psicopedagogo e editor da revista Viure en família).
Link 1 e 2
Ari Brown, M.D. y Denise Fields. Livro Toddler 411: Clear Answers & Smart Advice for Your Toddler

Rosa Jové, com o texto: Quiereme cuando menos lo merezca por que es cuando mas lo necesito. Link
Forum: Crianza natural
e Dr. Carlos González

O desmame

Ei, pequeno Astronauta,

Durante muito tempo pensei no quanto seria difícil deixar de te amamentar, nunca soube exatamente se era por causa da tua adoração por minhas tetas, ou por minha própria dependência de te ter aqui plugado, e de te sentir parte de mim dessa maneira tão especial, que sempre foi pra nós dois, a amamentação.

Tenho que admitir que apesar de ter desfrutado muito de ter amamentado por mais de 20 meses, alguns comentários e a típica pergunta “ainda mama?” tiveram uma pequena parcela de influencia na decisão de quando desmamar.

Mas por outro lado, penso que nunca imaginei que duraria tanto, e talvez os comentários e a típica pergunta “ainda mama?” me fizeram ter mais convicção do que realmente era importante pra você e pra mim.

O processo do desmame começou sem eu que me desse conta, foi quando você pensou que “livre demanda” significava mamar toda hora, você já tinha 14 meses, e muitas vezes chorava para mamar, e quando eu te colocava no peito, você ficava meio minuto e já queria fazer outra coisa.
Decidi controlar um pouco as mamadas do dia, sempre quando você pedia eu te oferecia outra coisa, um iogurte, jogar bola, contar uma história, passear… na maioria das vezes você preferia fazer a outra coisa, então foi quando você deixou de associar o “tédio instantâneo” ao mamar, e cada dia que passava mamava menos.

Quando você ficava doente, ou caía e se machucava, ou simplesmente acordava da soneca da tarde um pouco mau humorado e nada te consolava, recorríamos ao nosso momento especial, e milagrosamente tudo ficava bem e é difícil descrever a importância que teve para mim ter te colocado no meu peito, cada vez que você estava cabisbaixo, febril e manhoso, e ver como você reagia melhor e eu também, porque me sentia uma super mãe com o super poder de te fazer feliz e orgulhosa de ter insistido e acreditado na amamentação prolongada.

Em abril, quando você tinha 15 meses, e ainda acordava muitas vezes de noite para mamar, decidi começar o desmame noturno, foi difícil no começo, mas você o assimilou bem, depois trocamos a parte da rotina de dormir que incluía te dar o peito até que você dormisse, por teus livrinhos preferidos e você gostou da idéia.

Então você só mamava uma ou duas vezes por dia, e as vezes nem mamava. Foi quando veio Paris, e eu pensei que seria o fim da nossa história de amamentação. Mas não foi assim, mesmo com um break de 5 dias, meu leite não secou, e sua vontade de mamar não acabou.

Depois a mamãe teve uma infecção na garganta e teve que tomar antibiótico forte e dar um tempo na amamentação, mais uma vez. Dessa vez foi durante 6 dias e no final, a mamãe continuava tendo leite (só de um peito).

Mesmo mamando pouco, você não demonstrava sinais de querer parar, muito pelo contrario, e eu estava tranqüila com o ritmo das mamadas, e não me preocupava o “até quando?”.

Então você completou 20 meses, já fazia um tempinho vinha demonstrando sinais eminente de independência, os “terrible twos” começava a dar sinais de vida, e isso começou afetar o nosso momento especial. Você já não conseguia fazer a soneca da tarde mamando, então pedia mais, e mais, as vezes queria e não sabia o que queria, e uma tarde depois de 4 tentativas frustradas de dormir mamando e sua visível irritação porque parecia que já não saía leite do peito, eu te disse nervosa “basta”, que a mamãe estava cansada e não podia e nem queria estar toda a tarde com você pendurado no meu peito. Por mais que eu tente controlar, as tardes em que você não consegue fazer a soneca, são muito estressantes pra mim e as vezes me esqueço (e não quero esquecer) que são tardes difíceis pra você também.

No dia seguinte você não pediu para mamar, e eu não ofereci o peito e foi passando um dia e outro e quando me dei conta já tinha passado uma semana, durante esses dias você pediu pra mamar uma vez ou duas, mas aceitava sem reclamar qualquer alternativa oferecida pela mamãe.

No meio de tantas coisas acontecendo, mudanças de comportamento, fim das férias, nova rotina, demorei um pouco para assumir que dessa forma tínhamos concluído o processo do desmame.
Me senti estranha quando disse pela primeira vez “o João já não mama”, talvez porque isso significa muito mais do que simplesmente “já não mama”, significa romper um pouco mais o cordão que nos une, significa que você está crescendo, ganhando sua identidade e independência.

É o começo de um novo ciclo, se por um lado não posso evitar de sentir uma pontinha de tristeza e de saudades do bebezinho que passava o dia pendurado no meu peito, por outro lado , tenho um orgulho que não cabe no peito da pessoinha que você está formando… festejo o “novo” e a sorte que eu tenho de ser tua mãe.

Te amo! com amor,

Mamãe

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