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Eu, o tempo, os problemas externos e a mãe que eu quero ser.

Sempre tive um certo orgulho da mãe que eu me tornei.

Não um orgulho mesquinho, nem presunçoso de achar que sou perfeita ou mais mãe melhor mãe que qualquer outra… Mas, um orgulho que vem do auto reconhecimento e uma auto valorização pelo quanto eu aprendi, do tanto que eu mudei, dos limites que minha paciência chegou alcançar e por todas as manhãs que consegui contar até 10, engolir o meu mau humor matinal e não explodir.

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a quase perfeita vida de “solteira”

Tinha previsto aparecer por aqui e contar pra vocês as maravilhas de estar single

Contar que ando dormindo tarde e acordado cedo, mas quando me canso páro tudo e vou fazer uma sonequinha, seja lá a hora que for…

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das coisas que um filho ensina – Dia 3

Mamãe, o que é essa “señal”?

Já faz um tempinho que o João se interessa pelos sinais de trânsito e outros sinais que ele encontra por aí.

A pergunta “o que é essa señal” é ouvida e respondida repetitivamente.

Ele já conhece todos os sinais que existe do caminho de casa pra escola, mas não se cansa nunca de perguntar.

Mamãe, o que é essa señal”?

As vezes é fácil responder, mas as vezes, quando ele pergunta pela milésima vez “o que é essa señal” tenho que respirar fundo e tentar evocar o maior aprendizado da maternidade.

A paciência.

Aprender a ter paciência, parece pouca coisa, mas na vida corrida que levamos, com a pressa que a sociedade impõe para que nasçam o antes possível, para que sejam independentes, para que já não mamem no peito, para que durmam toda noite e no seu próprio quarto, para que deixem de ser crianças, porque não temos tempo pra brincadeira. Ter paciência é nadar contra a maré e um grande desafio…

Paciência para quando me pergunta pela milésima vez a mesma coisa, com a emoção que ele sente de aprender uma coisa nova diariamente.

Paciência quando não quer se vestir, quando não quer ir pra escola, quando não quer comer, quando não quer nada, nada nada! Porque esta aprendendo a expressar os próprios desejos e opiniões, porque já se sente grande e (pensa que!) sabe o que quer.

Paciência quando ele derrama a vitamina inteira na pia porque eu estava com pressa e não o deixei que ele me ajudasse a faze-la (como cada dia). E as vezes nos sentimos obrigados a tomar providencias drásticas, para que eles aprendam a lidar com as frustrações… mas talvez o melhor recurso para a difícil arte de lidar com as frustrações seja a paciência, e a melhor forma de ensinar é dando o exemplo.
(e se paro pra pensar, já tive reações mais ridículas com 16 anos, porque esperar algo adulto, racional e emocionalmente estável de uma criança de 3?)… paciência…

Paciência para esperar o tempo certo de cada coisa, até mesmo esperar o tempo de ter mais paciência…. porque não é fácil… é um exercício diário, e muitas vezes cansativo.

Mas é a chave para ser a mãe que eu quero ser e um grande aprendizado para toda a vida.

Obrigada filho,  por mais uma lição, e tenha paciência com a mamãe… ainda estou aprendendo.

NÃO VAI PASSAR!

Ei petit astronauta!

No mundo da maternidade tem um velho mantra que diz que “Vai passar!”…

TUDO CHEGA E TUDO PASSA, tá escrito num cartão de aniversário que Dinda fez pra mamãe no aniversário dela de 30 anos… quando você ainda nem existia.

Que grande são essas palavras, porque acreditando nelas, passamos juntos o primeiro mês, a crise dos 3 meses, a dos 8 e a dos 14. Superamos a tal angustia da separação, a fase do colo full time, as noites intermitentes, a fase do grude, a fase do meu, os terribles twos (ops… esse ainda não está totalmente superado)…

mas, é bem verdade… Tudo chega e tudo passa!

VAI PASSAR…

Só que tem coisas que não importa o tempo que passe, não passam…

A emoção que sinto de te ver crescer, é uma delas.

 Essa emoção cresce a cada dia um pouco mais!

E o AMOR!

ah…. o amor!

O amor que eu sinto por você, filho…

Esse…. NÃO VAI PASSAR… nunca!

o meu amigo Mickey Mouse

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Já faz tempo o João descobriu “la casa de Mickey Mouse” e foi amor ao primeiro desenho,
Desde então o Mickey virou mais do que o personagem preferido, virou o ídolo, o confidente o amigo invisível.
Algumas vezes flagrei ele no telefone “ligando” para o Mickey para contar a ultima novidade, ou aquela vez, que o vi na frente do computador mostrando ao desenho a pantufa nova que ele tinha ganhado.
Depois do Mickey, os outros são os outros e só. A gente até tentou durante um tempo incentivar outros programas, para a hora da televisão, mas totalmente em vão.
Foi então que relaxamos e seguindo o conselho daquele velho ditado que fala que se não pode com o inimigo junte-se a ele, resolvemos tirar partido dessa paixão, e conseguimos vários desenhos da casa do Mickey Mouse em português (do Brasil, claro!).
Foi quando o Goofy finalmente virou Pateta, e vez ou outra me surpreendo escutando do pequeno uma palavrinha nova, daquelas que ainda não tinha tido oportunidade de ensinar.
E eu que sempre tive minhas teorias sobre televisão, personagens, e todo o reclame comercial desse tipo de “produto”, reconheço que a babá eletrônica (usada com moderação!) também pode ter um lado educativo.
Porque não?
 A final, nem tudo é preto ou branco na vida, né?

Nossa tribo – ou aprendendo com as trocas

Post VIP by Paloma
do blog: Peripécias de Cecília e Fofices de Clarice

A maternidade, aparentemente, nos iguala. Tanto eu, quanto a Flávia, assim como a Gisele e a Ivete, sentimos os incômodos da gravidez, as inseguranças dos primeiros dias, as preocupações excessivas e a melhor amiga (muy amiga!) de todas as mães: a culpa.

Mas seria um erro dizer que somos todas iguais. Sentimos as mesmas coisas, passamos por situações bem semelhantes, tudo isso é verdade, mas temos formas muito distintas de lidar com as dores e delícias da maternidade.

Assim como temos estilos de vida, pensamentos e ideologias diferentes, exercemos a maternidade de formas bem distintas, desde o descobrimento da gravidez. umas dão importância a alguns aspectos que, para outras, são supérfluos e por aí vai. E muitas vezes nos estranhamos, nos digladiamos, numa tentativa de defender o nosso ponto de vista e às vezes de qualificar o da outra.

Quando eu comecei a participar mais ativamente da blogosfera, eu era cheia de preconceitos com algumas coisas. Uma delas, era o parto domiciliar. Eu achava que este negócio de parir sem anestesia, em casa, muitas vezes sem médico, era coisa de gente louca ou de alguém que acabou de voltar de Woodstock, ou seja, que não era coisa de gente do século XXI.

Aí eu conheci o blog da Flávia e vi que ela teve um parto domiciliar. E li aquele relato lindo e me emocionei. Mas ainda achava que tinha mais loucura que bom senso nesta opção. Aí soube que a Thaís, que agora espera o segundinho, também era adepta desta “loucura”. Aí comecei a visitar outros blogs, ler outros relatos e vi que não era nada de outro mundo e que era bem possível, sim, ter um parto digno, respeitoso e seguro dentro de casa.

E o que me fez tirar a ideia de que isso era coisa de gente louca da cabeça foi justamente acompanhar estes blogs e ver as formas lindas como elas exerciam a maternidade. Se eram tão boas mães, tão conscientes da maternidade, tinham muito mais bom senso do que eu esperava de quem optava por um parto domiciliar. E, ao me identificar em vários pontos com elas, passei a respeitar esta opção, para, quem diria?, posteriormente admirá-la. A ponto de cogitá-la para o meu segundo parto e só não levei muito adiante porque a Clarice se manteve sentada até a 37a. semana, ficou cefálica por uma semana, quando visitei duas parteiras para ver se ainda era possível pensar em um parto domiciliar.

Mas entrei em trabalho de parto com 38 semanas e minha menininha espoleta ficou dando piruetas na barriga, ficando transversa até o final do trabalho de parto, para nascer pélvica (sentada), numa cesárea de emergência, após um longo e saboroso trabalho de parto sem anestesia.

E, durante esta segunda gravidez, o acesso a estes blogs, que antes era um passatempo gostoso, virou uma fonte de informação, de encorajamento e de admiração. E eu sou muito grata à Flávia e a tantas outras blogueiras que me mostraram outras formas de exercer a maternidade, em que a mãe é a protagonista, não os médicos – seja obstetra ou pediatra -, não as avós, irmãs, cunhadas nem os palpiteiros de plantão. E, se não consegui o parto que queria, aprendi muito com elas e consegui vivenciar um trabalho de parto extremamente libertador.

Quando, no ano passado, a Flávia abriu este blog para relatos de amamentação – e toda a pluralidade de casos existente – ela encorajou muitas mães que tiveram problemas a tentar, a vencer as inseguranças, a seguir adiante. O meu relato, na época, era bem desanimado e revoltado, por não ter conseguido amamentar como gostaria. Mas tê-lo escrito foi importante para mim, muito mais do que poderia imaginar. Serviu para eu encarar melhor o desafio nesta segunda vez e agora tenho um relato muito diferente (para melhor) do primeiro. Ter lido aqui os relatos de quem teve muitas dificuldades, assim como eu, e conseguiu dar a volta por cima com certeza me ajudou mais do que mil propagandas do Ministério da Saúde, em que a amamentação é romantizada e idealizada.

Isso tudo me fez ver que, assim como quebrei este preconceito, posso quebrar muitos outros. E que não devemos desqualificar quem pensa diferente de nós. A blogosfera está cheia de mães de todos os tipos, com ideias bem diferentes das nossas, mas a gente sempre pode aprender um pouquinho com elas, compartilhar experiências e, por meio de discussões respeitosas, até mudar de opinião, como aconteceu comigo. Acho ótimo quando entra gente que pensa diferente de mim no meu blog, me faz pensar, me faz ver outros lados.

No fundo, sejamos naturebas, tecnológicas, geeks, nerds, gostosas, famosas, endinheiradas, desprovidas de bens materiais, corujas, solteiras, casadas, divorciadas, superprotetoras, incentivadoras da autonomia, independentes, tudo isso junto ou nada disso, somos todas mães e estamos descobrindo a melhor forma de exercer esta maravilha que é a maternidade. E aprender juntas é sempre mais gostoso, além de mais produtivo.

Seja qual for o seu jeito, seja qual for o seu lado, em vez de repelir o que é diferente, por que não tentar entendê-lo? Agindo assim, estamos contribuindo para que nossos filhos, que aprendem com nossos exemplos, também sejam menos preconceituosos com os outros, porque, afinal, todo mundo é diferente.

Paloma, 


muito obrigada pelo post, excelente reflexão sobre influencias,  respeito e diferenças. Adorei! 
E parabéns pelas conquistas!


Beijos,


Fla





MEU!

Já faz um tempinho começamos com outra “fasezinha dureza” a fase do MEU!

“Isso é meu, aquilo é meu… Tuuuuuudo é meu!”

É tanto meu, que o “meu” faz parte do vocabulário obrigatório em quase todos os diálogos…

“Meu gosta isso, mamãe?” ou “no me agrada meu não!” … e por aí la vai.

Acho que todo mundo sabe que é só uma daquelas fases que passam, que é parte do desenvolvimento dos nossos pequenos e quanto melhor lidamos com essa fase, melhor podemos ensinar-lhes a compartilhar e a lidar com a frustação de não poder ter tudo.

…mas na prática e na intenção de querer sair sempre bonita na foto de mãe do mês, muitas vezes esquecemos que é um comportamento normal da idade e “exigimos” um rápido aprendizado de boas maneiras, sem entender que eles ainda não estão preparados para tal…

E já que a palavrinha do dia é compartilhar… Compartilho com vocês uma tradução-resuminho de um texto que encontrei sobre o assunto e que estou super-totalmente de acordo.

Aprendendo a compartilhar

As crianças demonstram muita resistência à compartilhar seus brinquedos, de fato, é comum ver como tomam posse deles, mesmo quando não estão usando. Esse comportamento é parte do seu desenvolvimento, até 6 anos, as crianças estão numa fase em que eles são muito focadas em si, são eles próprios e o mundo à sua volta.

A partir de um ano e meio ou dois anos começam a desenvolver sua própria identidade e desenvolvem também o sentimento de “pertencer”. A famosa frase: isso é meu, faz com que eles sintam que tem algo de controle no ambiente que está, e isso aporta segurança. A incapacidade da criança de compreender o outro ponto de vista e o sentido de tempo limitado, gera a dificuldade de entender que se ela empresta alguma coisa, continua sendo dela e que voltará.

Além disso, cerca de dois anos de idade, as crianças ainda não estão interessados em brincar com outras crianças. Podem aproximar-se, beijar e abraçar, mas jogam individualmente. É comum vê-los juntos em um só espaço, mas com um jogo “paralelo”, ao lado do outro, mas cada um na sua.

Dicas para ensinar a compartilhar.

Pactuar com a criança quais os brinquedos ele vai querer compartilhar o quais não para guarda-los. Se ele não quer compartilhar nenhum, sugerir brinquedos específicos para brincar em “grupo”, explicando que é legal brincar com o outro… mas sem obrigar.

Adquirir brinquedos de grupo. A criança deve ter os brinquedos que incentivam o jogo cooperativo, como blocos de construção, bolas, marionetes … Também podemos começar a ensinar a que cada um tenha sua vez.

Brincar de compartilhar. É importante que eles vejam que também compartilhamos nossas coisas. E é claro que não podemos esquecer de dar exemplo já que as crianças aprendem muitas coisas por imitação

Ajudar a encontrar soluções e ensinar a jogar por turnos, sorteio quem joga primeiro … sem esquecer que até os 6 anos são pequenos para entender certos conceitos.

Apoiar e elogiar quando vemos que nossos filhos começam a compartilhar suas coisas espontaneamente, dessa menira fortalecemos e reforçamos este tipo de comportamento.

!

Antes de três anos de idade não deve forçá-lo a compartilhar ou dividir os brinquedos sem o seu consentimento, isso pode levar a que eles se sintam inseguros e tornam-se mais egoísta. Se você obriga a compartilhar, você não está levando em conta seu modo (egocêntrico e normal para sua idade) de pensar nem respeitando seus sentimentos. Respeita-lo, faz que ele tenha mais confiança nos outros e estimula o desejo de compartilhar.

Texto daqui:

Tempo, tempo, tempo

Depois de mais de dois meses de tempo de férias e de tempo sem tempo pra férias e de tempo intensivo de brincadeiras, conversas, espadas, bolas, bagunça, broncas, parque, televisão, passeios, sorvetes, primos, praia, festa, alegria, sustos, birras, bicicleta, skate, musica e etc, etc, etc… e etc.

Confesso: Estou feliz de que finalmente tenha acabado essas intermináveis férias.

Aprendi que não é fácil acompanhar o tempo todo um serzinho de 2.9 anos de pura energia! (e que não tem problema nenhum reconhecer isso.)

Estou feliz de ter tempo (e silêncio) necessário pra me dedicar às minhas coisas.

Ainda estamos em período de adaptação, nós e ele…

Mas com uma deliciosa sensação de que tudo está acontecendo no tempo certo.

::Em tempo: 
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Pra ficar registrado

Quando ainda era um bebezinho ele dormía 2/3 da noite no mini-berço ao lado da nossa cama e na segunda mamada, já de madrugada, quase sempre acabava ficando na cama com a gente e acordávamos juntinhos…

Com 8 meses ele foi dormir no quarto dele e fazíamos “viagens” de ida e volta do quarto dele para o nosso (as vezes poucas e outras vezes muitas) durante toda noite.

Com 1 ano e 3 meses mudamos a rotinazinha que tínhamos na hora de dormir: trocamos o infalível método peito e colo, por um colchãozinho ao lado do berço, historinhas, carinhos sem ter fim e um super cuidado pra ele não acordar ao sair do quarto.

Com 1 ano e 4 meses, ele finalmente começou a dormir a noite toda. (Aleluia!) E de lá pra cá foram infinitas histórias contadas por mim, pelo pai e pelo próprio, naqueles 30 minutos (as vezes mais) de pré-sono, e tiveram noites de pegar no sono agarradinhos, noites de morrer de rir ao escuta-lo contar como foi o seu dia, noites de “hoje não tô afim, dorme logo porelamordedios“, noites de ficar fazendo cócegas só pra escutar aquela risada deliciosa, noites e noites e noites.

E só pra ficar registrado, com 2 anos e 8 meses, o filhote dorme sozinho, (so-zi-nho!) ele dá boa noite, eu ou o pai o acompanhamos até a cama, perguntamos se ele quer um copo de leite, quase sempre diz que sim, algumas vezes quer que a Preta fique no quarto com ele, outras quer dormir com a vaquinha, ou o hipopótamo, algumas vezes não quer nada e nos dá um beijo de boa noite, deita e dorme.

Fim

Foto de Arquivo: Março/2010

O cérebro do bebê

Já faz um tempo descobri um documentário sobre o cérebro do bebê, realizado por Eduard Punset (político, escritor, economista e divulgador científico espanhol, autor do livro “el viaje al amor” entre outros) entrevistando a Sue Gerhardt, (psicóloga, escritora, considerada uma das maiores especialistas no seu campo de pesquisa, autora do livro “Why love matters” entre outros), que me tocou profundamente e depois de vê-lo repetidas vezes, fiquei com vontade de divulga-lo e divulga-lo e divulga-lo.
Pensei no importante que poderia ser se todas as pessoas (pais, tios, avós, educadores, médicos, vizinhos, palpiteiros de plantão e especialmente os políticos..) refletissem sobre o verdadeiro significado de cuidar de um bebê, e aprendessem que o amor é essencial para o desenvolvimento do cérebro e a importância fundamental de ser sensível às necessidades dos pequetitos especialmente nos primeiros anos de vida.

Comecei a transcreve-lo para poder posta-lo no blog, mas não sei porque acabei deixando pela metade, em um documento perdido em uma pasta qualquer do computador, até que nesse fim de semana em um desses momentos que observo meu petit sob um outro prisma, busco meu filho bebê e encontro um garotinho independente, me veio à cabeça os conselhos (não utilizados, mas que geraram dúvidas e auto-questionamento) sobre cultivar a independência de quando ainda são bebês e uma frase do documentário que me marcou muito:

“para um ser humano seja realmente independente deve ter sido primeiro um bebê dependente”.

Nessa hora fiz um lembrete mental, recuperar o rascunho e dividir com vocês essa entrevista.

O documentário não é novo (2007), tampouco super original, já que ultimamente diversos profissionais vêm nos alertando da importância de satisfazer prontamente às necessidades dos bebês.

Mas na minha opinião é lindo, atual e super necessário!
Alem das explicações cientificas, é um convite a rever nossos conceitos e quebrar alguns mitos que estão profundamente enraizados na nossa sociedade, tal como o “colo vicia”, “tem que deixar chorar”, “tem que aprender dormir sozinho desde pequeno”, “te está manipulando…”, “tem que ensinar a ser mais independente” e o tão famoso “deixar mal acostumado” usado de forma equivocada especialmente relacionado a colo, amamentação e dormir.

Eu realmente acredito que se a sociedade levasse mais a sério a maternidade e a primeira infância, dando suporte às famílias, para que elas possam criar seus filhos com amor, dedicação e respeito incondicional, mudaríamos o mundo. Simples assim!
Mas também sou consciente que o que é divulgado no documentário, está bastante longe da realidade atual, seja por questões políticas, praticas, financeiras, ou mesmo por falta informação. Infelizmente!

O documentário está em castelhano, é um pouco longo (47´) mas deixo o link para quem se interessar.
“El cerebro del bebé”

Fiz um resuminho traduzido do que eu achei mais importante.

E pra finalizar tambem deixo o link de uma entrevista recente à Sue Gerhardt, que saiu na Folha de São Paulo e coincidentemente recebi essa semana, da minha amiga Mirela, (gracies!) que acredito, complementa muito bem esse post.

Monotemática

Coisa doida, é mesmo esse lance de blog de mãe a gente fica meio monotemática mesmo, como falou a Rô nesse post aqui.
Mas se paramos pra pensar, somos sempre um pouco monotemáticos nas várias fases da nossa vida.
Tipo assim, quando tem copa do mundo, alguém consegue falar de outra coisa que não seja futebol? E quando você está apaixonado? Dá pra falar de qualquer outra coisa, a não ser quão lindo e maravilhoso é a nossa cara metade? Quem gosta de politica em época de eleição, fala de outra coisa? E quando rola um projeto novo e emocionante, não dá vontade de compartilha-lo com todo mundo?
Somos assim mesmo, movidos a paixão. E a paixão sempre te deixa um pouco bobo e monotemático, e barulho vira musica, e cada pequena conquista é um grande evento e tem que ser divulgado e compartilhado.
E cá pra nós, existe paixão maior e mais duradoura que paixão por filho??

***

Acabada essa pequena introdução, (e devidamente justificada) podemos voltar a temática do mês.

O desfralde do João, Parte III
Prometo que não vou escrever infinitas linhas pra contar que o filhote já está praticamente desfraldado, que esta semana não escapou nenhum xixi, nem cocô na escola. Que em casa, tivemos pequenos acidentes “xixizicos“, que por sinal a maioria foram por esquecimento por parte da mãe (ou responsável) mas que os cocôs todos, foram devidamente avisados e despachados no lugar certo, um verdadeiro homenzinho se transformou o meu pequeno bebê.

O que eu queria mesmo, pra descontrair esse papo monotemático de xixis e cocôs, é relatar algumas pérolas do desfralde.

1) Um dia qualquer depois de comer feijão.
João: Cocô, cocô, cocô
corremos pro banheiro, e devidamente acomodado, faz cara de apertar, ri e fala: Era só um pum!
(e a história se repete várias vezes durante o dia)

2) Depois de explicar que o cocô saía pelo bumbum e xixi pelo pinto, ele solta essa pérola.
A mamãe não tem pinto, a mamãe só tem bumbum.

3) Brincando de playcenter em casa.
(Brincar de playcenter = Mamãe deitada no colchão no chão, com as pernas flexionadas, e o filhote sobe e se se equilibra, fazemos movimentos vários, baixar, subir, ele fica de pé, solta mão e depois pula).
No meio da brincadeira, e depois de muitas risadas, ele lá em cima da mamãe preparado para pular, para durante alguns instantes, e coloca uma cara estranha, um segundo depois o xixi começa a escapar.
O jeito foi esperar ele terminar e depois correr pro banheiro pra uma troca de roupa coletiva.

Bom fim de semana! e beijos

Recadinho pro visitante 60.001:
Me manda um e-mail, tô curiosa pra saber quem é você! Obrigada!

Fase 1 – O (pré) desfralde

(Atualizando o post “Primavera, e agora?” , sobre o início do desfralde).

No primeiro dia tivemos uma boa aceitação do pequeno em relação a grande novidade, mas no dia seguinte ele ficou um pouco borocoxô e com diarreia e por esse contratempo, que demorou quase uma semana para alcançar uma consistência aceitável (ops!), adiamos um pouco o processo.

Enquanto isso, aproveitei para ler artigos e dicas de amigas blogueiras que já passaram por esta fase, conversei com a educadora da escolinha do João e fui tirando minhas próprias conclusões sobre o tema.
Apesar da educadora sugerir que o melhor era ser “radical”, decidir tirar a fralda e já não voltar a coloca-la (a não ser para dormir) resolvi ser um pouco mais flexível e incluir no processo do desfralde um período de prova, o pré desfralde, e assim sem pressão ir-nos adaptando à novidade.

Nesse pré desfralde, o João ficava em casa sem a fralda, mas a fralda era colocada para dormir e para sair, inclusive para ir para a escolinha (que ele frequenta só pelas manhãs).

Analisando essas primeiras semanas, arrisco dizer que o pré-processo (no nosso caso!) foi bacana pra ele e importante pra mim.
Muito se fala, sobre a preparação dos pequenos para o desfralde, mas esquecemos que é importante que os pais também estejam preparados e predispostos a encarar essa sujeira etapa.

No meu caso, precisei dessa primeira fase para superar a preguiça dos trapos sujos e adaptar-me a nova rotina, fui aprendendo a não esquecer de estar sempre lembrando “sutilmente” que podia ser hora de fazer xixi, primeiro em curtos espaços de tempo, ir espaçando pouco a pouco e logo superar minha ansiedade e esperar que ele mesmo tomasse a iniciativa.
Fui aprendendo a respeitar o “não quero!” contundente e nessa hora não insistir pra que ele sentasse no peniquinho, só pra ver se saía alguma coisa…
Encomendei doses extras de paciência, comprei cuequinhas novas com estampas atrativas, aprendi a controlar a logística de calças e cuecas limpas, (que sem babá nem empregada, pode ser um trampo!), suspirei aliviada ao perceber que o xixi não mancha o chão de madeira (mesmo a tratada só com óleo) e fiquei muito mais atenta pra tentar entender o ritmo intestinal do filhote e poder ajuda-lo identificar a hora de fazer cocô.

Nessa primeira fase, ele tirou o xixi de letra, com pouquíssimas escapadas, depois de alguns dias, já ia sozinho ao banheiro e fazia xixi de pé (com uma super boa pontaria no penico). Genial!
Com o cocô o processo foi mais lento, os dois primeiros na cueca foram suficientes para que ele encontrasse uma alternativa pra aquela meleca toda, então ele aprendeu a segurar o cocô até a hora da fralda, seja pra fazer a soneca da tarde, pra dormir de noite, ou para sair.
Mas teve um dia que ele não conseguiu segurar, estava brincando lá fora e entra em casa gritando: “cocô, cocô!” Levo ele no banheiro, ele senta na privada durante 2 segundos, trava e já quer descer… 2 minutos depois a mesma gritaria e o ritual se repetiu por mais cinco vezes, sabia que ele estava super incomodado, mas não conseguia relaxar pra fazer o dito cujo. Então tive a ideia de deixar o peniquinho lá fora, onde ele estava brincando, e pouco tempo depois ele entra em casa eufórico e me puxa pela mão pra ver. Comemoramos muito aquela (enorme) obra maestra e ele se sentiu orgulhoso do próprio feito.

Foi o sinal que esperávamos pra passar pra 2ª fase, “o desfralde diurno completo”.
Já faz uns dias a fralda é usada somente para dormir, em casa é um sucesso, na escolinha estamos ainda aprendendo, nesses primeiros dias sempre tem alguma escapadinha do xixi, e o cocô (ainda) só em casa.
Acho que já estamos avançados no processo.
E quer saber?
Está sendo infinitamente mais fácil (e limpo) do que eu pensava!

Primavera! E agora?

A chegada da primavera, para os pais de crianças na faixa dos 2 anos, significa (na grande maioria das famílias) que chegou a hora do desfralde.
Não costumo me guiar pelo calendário, porque acredito que cada criança tem seu ritmo. E se respeitamos o ciclo de cada processo de crescimento, tudo acontece de forma mais natural e fácil.
Mas dessa vez, (talvez) nadaremos a favor da maré.
Enquanto o João apresentava alguns sinais, em casa já nos questionávamos se era o momento, a educadora da escola propôs de começar um “treino” de desfralde e um sol um pouco tímido começou a aparecer.
Com esse conjunto de fatores, resolvemos “experimentar”.
Recuperei o penico e o redutor que estavam guardados no fundo do armário, Conversei com o filhote e expliquei que ele podia escolher entre fazer xixi no peniquinho ou no vaso sanitário, provamos de sentar nos dois pra ver qual ele gostava mais.
E como quase sempre, ele reagiu bem à novidade, gostou de cara da ideia, abaixou a calça, tirou a fralda e fez um xixizão no penico, vibramos com o acontecimento e ele se mostrou ficou super feliz e orgulhoso da própria proeza.
Foi um bom começo, mas tenho consciência de que é só um primeiro passo do caminho.
Espero ter a sabedoria de reconhecer os sinais e respeitar o tempo dele, sempre!
E se preciso, abortar o processo esperar um pouco mais para começar tudo de novo… quando for a hora.

Palavrinhas magicas

Esses dias escutei do pequeno um “biadu” (obrigado!) ao dar-lhe um prato com fruta cortadinha.
Não deu pra evitar, um sorriso de orelha a orelha e um beijo estalado e emocionado de “de nada filho”.
Foi legal porque primeiro ele falou em catalão, para logo corrigir e falar em português, mas alem dessa questão linguística, fiquei orgulhosa mesmo quando me dei conta de que ele agradeceu, porque vê que tanto eu quanto o pai dele sempre dizemos obrigada/gracies, quando um ou o outro traz o prato.
Desde que ele começou com a fase papagaio tagarela, (ou desde que ele repetiu alto e em bom tom, um “merda” dito por mim em um momento de raiva, comecei a ter muito mais cuidado com o que eu falo. Criança aprende por imitação – o bom e o ruim – e está muito mais atenta no que você fala e faz no dia a dia, do que no que você insiste em pedir que ela repita.
Depois desse “biadu” dito de forma totalmente espontânea, as “palavrinhas mágicas” (por favor, obrigada, saúde, licença, desculpa…) entraram de forma obrigatória no meu vocabulário diário e por mais delicioso que seja ouvi-las quero me esforçar para não dizer sempre: “como é que faaaaaaala?” quando ele recebe um presente e na empolgação de abri-lo esquece de dizer obrigado, nem nas reuniões com amigos estar atrás dele dizendo “por favor, né filho?” cada vez que ele for pedir algo e principalmente não obriga-lo a pedir desculpas (que não quer dizer não repreende-lo quando faz alguma coisa errada).
Sei que isso significa que, em algumas ocasiões, serei a mãe do menino mal educado que não pede por favor…
Mas não quero um filho, só “politicamente correto” que seja “bem educado” de forma obrigatória. Não quero que cada vez que ele tenha a ocasião de falar, eu me adiante e coloque as palavras na boca dele…. Quero que ele tenha espaço para sentir… Que ele esteja tão acostumado a ser agradecido e a ser tratado com gentileza e respeito, que sentir gratidão, ser gentil, reconhecer um erro e demonstrar arrependimento, sejam coisas naturais.
A gente aprende com nossos filhos, e na tentativa de influenciar positivamente, vou aprendendo que é menos estressante, pedir para ele: “você pode guardar os brinquedos por favor?”, aprendo que é gratificante dizer: “obrigada, meu amor” e ver os olhinhos dele brilharem, e também nos momentos que a paciência acaba (sim, tem momentos que a paciência acaba) ao dizer: “a mamãe não queria ter gritado com você. Desculpa filho!”, aprendemos juntos.
E na tentativa de ensina-lo a ser gentil, aprendo que só a gentileza gera gentileza, e que é delicioso sentir o poder dessas palavrinhas mágicas!
***
E como tudo está conectado (segundo minha cumadre Bel, neste post) encontrei esse texto que reforça ainda mais o que eu penso, e me inspira a ser a mãe que eu quero ser!
Enjoy!
AS “PALAVRAS MÁGICAS” PARTEM DO CORAÇÃO
por Jan Hunt, Psicóloga Diretora do “The Natural Child Project”

Na seção de cartas ao editor de um jornal local, uma missivista apresentou uma queixa comum: várias crianças esqueceram-se de dizer “obrigado” pelas lembranças de Halloween que ela deu. Ela ainda sugeria que as palavras são por si mesmas a forma mais importante de respeito e que se fosse preciso os pais deveriam arrancá-las à força dos filhos.

É natural magoar-se quando fazem pouco caso de nossa gentileza. Mas talvez devêssemos olhar mais longe, principalmente quando se trata de crianças.

A meu ver, há duas razões totalmente diferentes para uma criança dizer “obrigado”. Uma criança nos agradece porque apreciou autenticamente a nossa gentileza e já ouviu muitas expressões de gratidão em sua própria família (principalmente gratidão dirigida a ela).

Outra criança diz “obrigado” mas está simplesmente articulando palavras vazias, por medo do castigo. Uma atitude baseada no medo, sem a compreensão do sentido por trás do ritual, pouco vale. Essa atitude não só é desprovida de sentido como inútil, pois não atinge o objetivo desejado.

Com ameaças de castigo podemos forçar uma criança a dizer “obrigado”, mas não podemos impor a gentileza autêntica que desejamos. A verdadeira delicadeza se desenvolve em uma criança tratada com bondade. Ela não pode ser imposta ao seu coração, arrancando as palavras de sua boca. Além disso, onde está o prazer de se ouvir “as palavras mágicas” pronunciadas com submissão por uma criança amedrontada? Qualquer palavra perde sua magia se não partir do coração.

No dia das bruxas as crianças também se esforçam, escolhendo cuidadosamente sua nova identidade e fantasiando-se, depois andando uma hora ou mais.

Quantos de nós lembramos de dizer “obrigado por me mostrar sua fantasia”?

Mais do que uma questão de justiça, isso também é proveitoso porque a gentileza autêntica se desenvolve por imitação. As crianças aprendem a tratar os outros com delicadeza observando os adultos a sua volta fazerem gentilezas e recebendo explicações respeitosas sobre as razões das atitudes que preferimos. Em vez de reclamar da indelicadeza das crianças deveríamos lembrar que as crianças se comportam tão bem quanto são tratadas e tão bem como elas nos veem tratar uns aos outros.

Birras – Capítulo 1

Sabe aquela frase, que diz, que quando conseguimos todas as respostas, mudam todas as perguntas?

Exatamente assim acontece, no aprendizado de ser mãe. Quando superamos ou aprendemos a lidar com uma fase, crise ou “problema” aparece outro diferente e mais desafiador.

Já faz uns dois meses mais ou menos, que aconteceu uma mudança muito brusca no comportamento do João.

O meu pequeno sorridente, brincalhão, divertido e simpático, de uma hora para outra se “transformava” em outra pessoinha, negativista, desafiante e monologuista de uma só palavra: NO! Muitas vezes, seguida de choro, empurrões, alguma mordida, tapa ou “birra”…

Minutos depois, como um passe de mágica, voltava a ser o meu menininho doce e alegre de sempre.

Reconheço que as primeiras mudanças repentinas de humor, me deixaram bastante nervosa, ansiosa e sem saber muito bem como manejar essa nova etapa.

Eu tinha respostas desencontradas na minha cabeça, sabia exatamente o que não fazer: “não gritar, não perder a paciência, não bater (nem um tapinha nem um tapão)” sabia que não podia simplesmente não fazer nada, mas não sabia o que fazer.

Foi quando comecei a busca por entender um pouco mais sobre essa fase de pré adolescência precoce do filhote.

Logo de cara, uma “boa” notícia, as “birras” acontecem mais ou menos, a partir dos 18 meses até os 3 anos e meio. (E são mais frequentes nos meninos que nas meninas). LEGAL! (pensei). E foi uma ótima motivação para aprender mais sobre elas, já que provavelmente vamos ter que conviver durante uns 2 anos.

Li muita coisa interessante (e algumas tristes também), e tenho vários links e algumas páginas de Word com o que eu me identifiquei. Quero fazer um resuminho e ir postando por aqui, para dividir com vocês o aprendizado e para não esquecer.

Pouco a pouco, vou assimilando, entendendo e me dando conta que tudo é tão mais simples… E podia se resumir facilmente em 3 passos:

Uma boa dose de paciência.

Acreditar que vai passar e

Usar essa frase como lema: “Ama-me quando eu menos merecer, pois é quando eu mais preciso.”

Ps.: Alguém pode me dizer a definição de “birra” segundo o Aurélio?

Si us plau.

Obrigada!

Capítulo 2: Entendendo o processo

BIRRA:

Segundo o Aurélio: 1. Teima, teimosia, obstinação. 2. Amuo, arrufo; zanga…
E segundo o Houaiss: 1. ato ou disposição de insistir obstinadamente em um comportamento ou de não mudar de ideia ou opinião; teima, teimosia. 2. sentimento ou demonstração de aversão ou antipatia, esp. quando renitente e motivado por algum capricho, paixão ou suscetibilidade; implicância, má-vontade, prevenção 3. estado ou disposição de quem tem mau humor, zanga, irritação, aborrecimento etc… 4. desentendimento ou desavença.

 

(obrigada a Anna, Lilata e Cynthia pelas definições)

Se juntamos as definições da palavra birra: “teimosia, mau humor, zanga, má-vontade, implicância, capricho, suscetibilidade….”com a imagem que temos de uma criança “birrenta” (sapateando e gritando no meio do supermercado). O resultado fica tão estereotipado que parece que o objetivo das birras seja sempre o mesmo: provocar, manipular, desafiar e destruir em fração de minutos a nossa reputação de bons pais.

Talvez um bom começo, para aprender a lidar com as “birras” seja mudar o (pré) conceito que temos em relação a elas, porque essa imagem estereotipada (e equivocada), não ajuda em nada no momento da crise.

“Ama-me quando eu menos merecer, pois é quando eu mais preciso.” Lembra?

É preciso rever nossos conceitos!

Compreender que a “birra” não é uma forma de rebeldia e desobediência, ajuda a que sejamos mais flexíveis com eles. É também uma forma de tentar entender o que passa na cabecinha dos pequenos, para poder ajudá-los de uma maneira mais efetiva (com amor e muita paciência) a superar esse “processo de crescimento”.

Para quem lê em catalão, super recomendo o texto: “Prendre amb calma les rebequeries” do psicopedagogo: Miquel Àngel Alabart.
Fiz uma tradução/interpretativa e um pouco resumida, porque o texto é incrível e acho que vale a pena comparti-lo. Me ajudou a entender melhor essa fase e a aprender com aprendizado do meu filho. Espero que gostem:

Uma criança, a partir de 1 ano e meio, ou quando começa a formar uma ideia de si mesmo, começa a provar os limites do seu EU e o resto do mundo. Isso, logicamente choca quase sempre com este “resto do mundo” que na maioria das vezes se compõe de: mãe, pai, irmão, outras crianças, areia do parque, balanço, guloseimas e outros objetos de desejo que nem sempre aceitam ser desejados.

– Eu quero isso que depende de você, mas você não me dá.

É assim que a intrépida criatura, descobre a frustração. E a combinação de frustração, hormônios, nervos, ambiente e outros fatores, faz que, em determinados momentos, esta frustração estale em forma de “birra”.

Mas, porque esses sentimentos afetam tanto, aos pequenos?

Tudo depende, como sempre, de se as necessidades básicas estão cobertas ou não. Não é o mesmo frustrar uma necessidade real do que frustrar um desejo impossível ou não recomendável. É mais fácil que o desejo que expressa (“eu quero a jaqueta amarela”) esconda o real desejo (“necessito sair e tomar um pouco de ar”). E só se estamos realmente conectados com os nossos filhos, podemos compreender, ante uma birra, o que está acontecendo, o que ele sente e o que necessita realmente.

As birras também têm a função de descarregar a tensão que provoca a frustração das situações cotidianas insatisfatórias.

Existe todo um aprendizado a fazer sobre como a realidade nem sempre corresponde aos nossos desejos. E eles têm que passar por esta fase para poder crescer e o único que podemos fazer, é acompanhar nossos filhos nesse caminho.

E quando falamos de acompanhar, nos referimos a demonstrar o quanto o amamos, e que estamos aí, respeitando o seu processo, muitas vezes sem intervir, mas sem abandona-lo.

Porque eles necessitam saber que toda essa mistura de emoções que sentem é válida, que não o censuramos e que sempre o acompanharemos.


Que as birras seja uma reação normal, não quer dizer que seja fácil aceita-las. Normalmente nós (os pais), também estamos bastante estressados e ainda mais temos a tendência a pensar que os pequenos pensam da mesma maneira que nós, ainda que não tenham mais de 2 ou 3 anos. Achamos que eles deveriam entender que existem coisas que simplesmente não podem ser. Mas, como se pode comprovar, não é assim… Quando uma criança de 3 anos está gritando e protestando porque não compramos aquele pirulito com pozinho azul, ela não espera um argumento, e também não quer se acalmar. Isso é o que NÓS queremos. Mas como ela não se acalma, nem com os argumentos, nem com nada, o mais provável é que acabamos ameaçando ou cedendo, para acabar logo com aquela cena. O caso é que nesse momento, estaremos mais tensos e dessa forma não podemos ajuda-la a que se acalme.


O resultado é que a criança comprova assustado que a birra, em princípio espontânea e quase só uma reação física, pode ter algum efeito. Ou porque provoca atenção e reação no adulto, ou porque consegue o que queria. E assim, muitas crianças dessa idade aprendem que, em um momento dado, uma boa birra pode ter efeitos interessantes.

Antes de chegar a esta confusão, acreditamos que vale a pena voltar atrás e observar atentamente ao pequeno, estar atentos ao seu estado de ânimo, da acumulação de frustrações e stress, das necessidades do momento (sono, fome, atenção… e inclusive a necessidade de chorar e gritar). Pode ser que de um momento ao outro estoure uma ensurdecedora birra. E temos que estar atentos ao que ele necessita.

Entender todo esse processo, nos pode ajudar a estar inteiramente presente ante as birras dos nossos filhos e poder ajudá-los. E uma vez acabada poder ensinar outras maneiras de canalizar as emoções.
Talvez explicando, se é possível, como até uma frustração pode ter elementos de esperança. “agora não compramos o chocolate porque você acabou de comer esse doce, mas não se esquece que hoje para jantar vamos comer salada de fruta”. Claro que não era a guloseima que ele queria, mas é que a vida é assim: muitas vezes não é como esperamos, mas pode ser igualmente surpreendente e no final, talvez acabamos rindo.

E se de vez em quando, recordamos esse aprendizado a nós mesmos e o transmitimos aos nossos filhos “por contagio” não deixa de ser uma saudável lição de vida… que acabamos aprendendo depois de muitas birras.

 

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No Capítulo 3: Dicas práticas de como lidar com as birras. Link aqui

Obrigada pelos comentários no post do Capítulo 1. Adoro quando vocês participam ativamente dando dicas, definindo, contando suas próprias experiencias e enriquecendo o post.

Valeu! Beijos
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