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O cérebro do bebê

Já faz um tempo descobri um documentário sobre o cérebro do bebê, realizado por Eduard Punset (político, escritor, economista e divulgador científico espanhol, autor do livro “el viaje al amor” entre outros) entrevistando a Sue Gerhardt, (psicóloga, escritora, considerada uma das maiores especialistas no seu campo de pesquisa, autora do livro “Why love matters” entre outros), que me tocou profundamente e depois de vê-lo repetidas vezes, fiquei com vontade de divulga-lo e divulga-lo e divulga-lo.
Pensei no importante que poderia ser se todas as pessoas (pais, tios, avós, educadores, médicos, vizinhos, palpiteiros de plantão e especialmente os políticos..) refletissem sobre o verdadeiro significado de cuidar de um bebê, e aprendessem que o amor é essencial para o desenvolvimento do cérebro e a importância fundamental de ser sensível às necessidades dos pequetitos especialmente nos primeiros anos de vida.

Comecei a transcreve-lo para poder posta-lo no blog, mas não sei porque acabei deixando pela metade, em um documento perdido em uma pasta qualquer do computador, até que nesse fim de semana em um desses momentos que observo meu petit sob um outro prisma, busco meu filho bebê e encontro um garotinho independente, me veio à cabeça os conselhos (não utilizados, mas que geraram dúvidas e auto-questionamento) sobre cultivar a independência de quando ainda são bebês e uma frase do documentário que me marcou muito:

“para um ser humano seja realmente independente deve ter sido primeiro um bebê dependente”.

Nessa hora fiz um lembrete mental, recuperar o rascunho e dividir com vocês essa entrevista.

O documentário não é novo (2007), tampouco super original, já que ultimamente diversos profissionais vêm nos alertando da importância de satisfazer prontamente às necessidades dos bebês.

Mas na minha opinião é lindo, atual e super necessário!
Alem das explicações cientificas, é um convite a rever nossos conceitos e quebrar alguns mitos que estão profundamente enraizados na nossa sociedade, tal como o “colo vicia”, “tem que deixar chorar”, “tem que aprender dormir sozinho desde pequeno”, “te está manipulando…”, “tem que ensinar a ser mais independente” e o tão famoso “deixar mal acostumado” usado de forma equivocada especialmente relacionado a colo, amamentação e dormir.

Eu realmente acredito que se a sociedade levasse mais a sério a maternidade e a primeira infância, dando suporte às famílias, para que elas possam criar seus filhos com amor, dedicação e respeito incondicional, mudaríamos o mundo. Simples assim!
Mas também sou consciente que o que é divulgado no documentário, está bastante longe da realidade atual, seja por questões políticas, praticas, financeiras, ou mesmo por falta informação. Infelizmente!

O documentário está em castelhano, é um pouco longo (47´) mas deixo o link para quem se interessar.
“El cerebro del bebé”

Fiz um resuminho traduzido do que eu achei mais importante.

E pra finalizar tambem deixo o link de uma entrevista recente à Sue Gerhardt, que saiu na Folha de São Paulo e coincidentemente recebi essa semana, da minha amiga Mirela, (gracies!) que acredito, complementa muito bem esse post.

Panorama

Uma mãe com 39,5 de febre, um filho recém recuperado de 4 dias de repouso, (com garganta inflamada e febre), e agora super ativo e com muita vontade de brincar.

A mãe fazendo um súper esforço para levantar-se do sofá, para fazer o básico. O filho vendo televisão demais, sem ter recuperado totalmente o apetite, e com diversas e constantes crises homéricas de birra. Chorou, esperneou, se jogou no chão, e gritou mais nesses últimos 2 dias, que nos últimos 2 anos.

A cabeça de adulto, não entende como ele não pode entender que a mamãe está doente e precisa ficar tranquila.

A cabeça da criança não entende um dodói que não se pode ver, e porque a mamãe fica o tempo todo deitada, com tanta coisa legal pra fazer.

No meio desse conflito, a paciência acaba, ele grita e a mãe também, e choram juntos.

***

Pouco depois o super papa chega, e brinca com o pequeno, jogam bola, andam de bicicleta pela casa, vão ver a lua e as estrelas, e o papai inventa que tem um gato na barriga… E ele ri… ri muito…

Escuto a risada do filhote, e me sinto melhor… e nem me lembro do mau humor e das birras…

Já está tudo bem de novo.

Birras – Capítulo 1

Sabe aquela frase, que diz, que quando conseguimos todas as respostas, mudam todas as perguntas?

Exatamente assim acontece, no aprendizado de ser mãe. Quando superamos ou aprendemos a lidar com uma fase, crise ou “problema” aparece outro diferente e mais desafiador.

Já faz uns dois meses mais ou menos, que aconteceu uma mudança muito brusca no comportamento do João.

O meu pequeno sorridente, brincalhão, divertido e simpático, de uma hora para outra se “transformava” em outra pessoinha, negativista, desafiante e monologuista de uma só palavra: NO! Muitas vezes, seguida de choro, empurrões, alguma mordida, tapa ou “birra”…

Minutos depois, como um passe de mágica, voltava a ser o meu menininho doce e alegre de sempre.

Reconheço que as primeiras mudanças repentinas de humor, me deixaram bastante nervosa, ansiosa e sem saber muito bem como manejar essa nova etapa.

Eu tinha respostas desencontradas na minha cabeça, sabia exatamente o que não fazer: “não gritar, não perder a paciência, não bater (nem um tapinha nem um tapão)” sabia que não podia simplesmente não fazer nada, mas não sabia o que fazer.

Foi quando comecei a busca por entender um pouco mais sobre essa fase de pré adolescência precoce do filhote.

Logo de cara, uma “boa” notícia, as “birras” acontecem mais ou menos, a partir dos 18 meses até os 3 anos e meio. (E são mais frequentes nos meninos que nas meninas). LEGAL! (pensei). E foi uma ótima motivação para aprender mais sobre elas, já que provavelmente vamos ter que conviver durante uns 2 anos.

Li muita coisa interessante (e algumas tristes também), e tenho vários links e algumas páginas de Word com o que eu me identifiquei. Quero fazer um resuminho e ir postando por aqui, para dividir com vocês o aprendizado e para não esquecer.

Pouco a pouco, vou assimilando, entendendo e me dando conta que tudo é tão mais simples… E podia se resumir facilmente em 3 passos:

Uma boa dose de paciência.

Acreditar que vai passar e

Usar essa frase como lema: “Ama-me quando eu menos merecer, pois é quando eu mais preciso.”

Ps.: Alguém pode me dizer a definição de “birra” segundo o Aurélio?

Si us plau.

Obrigada!

Capítulo 2: Entendendo o processo

BIRRA:

Segundo o Aurélio: 1. Teima, teimosia, obstinação. 2. Amuo, arrufo; zanga…
E segundo o Houaiss: 1. ato ou disposição de insistir obstinadamente em um comportamento ou de não mudar de ideia ou opinião; teima, teimosia. 2. sentimento ou demonstração de aversão ou antipatia, esp. quando renitente e motivado por algum capricho, paixão ou suscetibilidade; implicância, má-vontade, prevenção 3. estado ou disposição de quem tem mau humor, zanga, irritação, aborrecimento etc… 4. desentendimento ou desavença.

 

(obrigada a Anna, Lilata e Cynthia pelas definições)

Se juntamos as definições da palavra birra: “teimosia, mau humor, zanga, má-vontade, implicância, capricho, suscetibilidade….”com a imagem que temos de uma criança “birrenta” (sapateando e gritando no meio do supermercado). O resultado fica tão estereotipado que parece que o objetivo das birras seja sempre o mesmo: provocar, manipular, desafiar e destruir em fração de minutos a nossa reputação de bons pais.

Talvez um bom começo, para aprender a lidar com as “birras” seja mudar o (pré) conceito que temos em relação a elas, porque essa imagem estereotipada (e equivocada), não ajuda em nada no momento da crise.

“Ama-me quando eu menos merecer, pois é quando eu mais preciso.” Lembra?

É preciso rever nossos conceitos!

Compreender que a “birra” não é uma forma de rebeldia e desobediência, ajuda a que sejamos mais flexíveis com eles. É também uma forma de tentar entender o que passa na cabecinha dos pequenos, para poder ajudá-los de uma maneira mais efetiva (com amor e muita paciência) a superar esse “processo de crescimento”.

Para quem lê em catalão, super recomendo o texto: “Prendre amb calma les rebequeries” do psicopedagogo: Miquel Àngel Alabart.
Fiz uma tradução/interpretativa e um pouco resumida, porque o texto é incrível e acho que vale a pena comparti-lo. Me ajudou a entender melhor essa fase e a aprender com aprendizado do meu filho. Espero que gostem:

Uma criança, a partir de 1 ano e meio, ou quando começa a formar uma ideia de si mesmo, começa a provar os limites do seu EU e o resto do mundo. Isso, logicamente choca quase sempre com este “resto do mundo” que na maioria das vezes se compõe de: mãe, pai, irmão, outras crianças, areia do parque, balanço, guloseimas e outros objetos de desejo que nem sempre aceitam ser desejados.

– Eu quero isso que depende de você, mas você não me dá.

É assim que a intrépida criatura, descobre a frustração. E a combinação de frustração, hormônios, nervos, ambiente e outros fatores, faz que, em determinados momentos, esta frustração estale em forma de “birra”.

Mas, porque esses sentimentos afetam tanto, aos pequenos?

Tudo depende, como sempre, de se as necessidades básicas estão cobertas ou não. Não é o mesmo frustrar uma necessidade real do que frustrar um desejo impossível ou não recomendável. É mais fácil que o desejo que expressa (“eu quero a jaqueta amarela”) esconda o real desejo (“necessito sair e tomar um pouco de ar”). E só se estamos realmente conectados com os nossos filhos, podemos compreender, ante uma birra, o que está acontecendo, o que ele sente e o que necessita realmente.

As birras também têm a função de descarregar a tensão que provoca a frustração das situações cotidianas insatisfatórias.

Existe todo um aprendizado a fazer sobre como a realidade nem sempre corresponde aos nossos desejos. E eles têm que passar por esta fase para poder crescer e o único que podemos fazer, é acompanhar nossos filhos nesse caminho.

E quando falamos de acompanhar, nos referimos a demonstrar o quanto o amamos, e que estamos aí, respeitando o seu processo, muitas vezes sem intervir, mas sem abandona-lo.

Porque eles necessitam saber que toda essa mistura de emoções que sentem é válida, que não o censuramos e que sempre o acompanharemos.


Que as birras seja uma reação normal, não quer dizer que seja fácil aceita-las. Normalmente nós (os pais), também estamos bastante estressados e ainda mais temos a tendência a pensar que os pequenos pensam da mesma maneira que nós, ainda que não tenham mais de 2 ou 3 anos. Achamos que eles deveriam entender que existem coisas que simplesmente não podem ser. Mas, como se pode comprovar, não é assim… Quando uma criança de 3 anos está gritando e protestando porque não compramos aquele pirulito com pozinho azul, ela não espera um argumento, e também não quer se acalmar. Isso é o que NÓS queremos. Mas como ela não se acalma, nem com os argumentos, nem com nada, o mais provável é que acabamos ameaçando ou cedendo, para acabar logo com aquela cena. O caso é que nesse momento, estaremos mais tensos e dessa forma não podemos ajuda-la a que se acalme.


O resultado é que a criança comprova assustado que a birra, em princípio espontânea e quase só uma reação física, pode ter algum efeito. Ou porque provoca atenção e reação no adulto, ou porque consegue o que queria. E assim, muitas crianças dessa idade aprendem que, em um momento dado, uma boa birra pode ter efeitos interessantes.

Antes de chegar a esta confusão, acreditamos que vale a pena voltar atrás e observar atentamente ao pequeno, estar atentos ao seu estado de ânimo, da acumulação de frustrações e stress, das necessidades do momento (sono, fome, atenção… e inclusive a necessidade de chorar e gritar). Pode ser que de um momento ao outro estoure uma ensurdecedora birra. E temos que estar atentos ao que ele necessita.

Entender todo esse processo, nos pode ajudar a estar inteiramente presente ante as birras dos nossos filhos e poder ajudá-los. E uma vez acabada poder ensinar outras maneiras de canalizar as emoções.
Talvez explicando, se é possível, como até uma frustração pode ter elementos de esperança. “agora não compramos o chocolate porque você acabou de comer esse doce, mas não se esquece que hoje para jantar vamos comer salada de fruta”. Claro que não era a guloseima que ele queria, mas é que a vida é assim: muitas vezes não é como esperamos, mas pode ser igualmente surpreendente e no final, talvez acabamos rindo.

E se de vez em quando, recordamos esse aprendizado a nós mesmos e o transmitimos aos nossos filhos “por contagio” não deixa de ser uma saudável lição de vida… que acabamos aprendendo depois de muitas birras.

 

**

No Capítulo 3: Dicas práticas de como lidar com as birras. Link aqui

Obrigada pelos comentários no post do Capítulo 1. Adoro quando vocês participam ativamente dando dicas, definindo, contando suas próprias experiencias e enriquecendo o post.

Valeu! Beijos

Capítulo 3: Como lidar com as birras

Porque a maior parte das birras acontecem no “pior momento”?

Com certeza porque também é o pior momento para a criança. Se você está estressado, teu filho também estará, então existe uma maior chance da birra aparecer, e por razões menos previsíveis.

Isso também explica porque custa tanto, algumas vezes, afrontar uma birra: Porque nesse preciso momento, é justo o que não estamos dispostos a fazer.

Mas existe outra razão: A pressão social.

Uma criança fazendo birra no meio do supermercado, chama atenção. Nem todos os pais, estão dispostos a suportar todos te olhando e (que aos nossos olhos) podem estar pensando: “que mãe com pouca autoridade”, ou “ esse menino tem fome e o pai não se dá conta”, ou “por favor, que se calhe como seja”…

Está claro que, na realidade, o que acontece é que nos enfrentamos as contradições dos nossos próprios instintos e o que nos inculcaram desde pequenos sobre choro, a boa educação, as emoções e a autoridade.

Devemos entender, que diante da overdose de adrenalina e outros hormônios, o que o pequeno espera encontrar é acima de tudo: segurança e amor incondicional.

Portanto, tentemos manter a serenidade e pensar que a birra é tão espontânea como a fome, que não é uma tentativa de manipulação. Simplesmente eles se expressam.

E se devemos escolher entre “os espectadores” da birra que exigem uma resposta ou teu filho que necessita outra.

Qual você escolhe?

DICAS PRÁTICAS:

1. Compreender que a criança não pretende só provocar os pais e que a “birra” não é uma forma de rebeldia e desobediência. (ver capítulo 2)

2. Escolher as batalhas:
Antes de comprar uma briga, o melhor é perguntar-nos se realmente o que a criança está pedindo é completamente irrealizável.
Se não é perigoso ou nocivo, porque não ceder e evitar um conflito?
Ser totalmente inflexível com os pequenos nos leva a uma relação muito conflituosa. Em outras palavras a Letícia complementou: “Uma dica boa é pensar bem antes de dizer não porque é pior ceder à chantagem. Aquilo que ele está fazendo não pode ou você não quer que ele faça naquele momento. Se é naquele momento, reveja sua decisão antes de pronuncia-la, vai poupar alguns chiliques e não significa que você esteja sendo mole.”

3. Tentar manter a calma. (pelo menos tentar, já que sabemos que ninguém é perfeito)
Se os pais conseguem manter a calma em situações estressantes, os filhos aprendem o mesmo. Não esqueça que eles sempre nos observam e copiam comportamentos, atos e vocabulários. (Children see, children do).

4. Não gritar
Não é o volume, e sim o tom da voz que faz que os pequenos entendam o que queremos dizer. Busca um tom firme e uma cara séria. (Não vale rir, porque perde o efeito-Rever item 2)

5. Nunca bata no teu filho.
Mesmo, se algumas vezes a tentação for grande, lembre-se que você é o adulto da situação. Mantenha a calma. Existem melhores maneiras de fazer com que eles entendam a mensagem.

6. Não trate teu filho como se fosse um adulto.
Se a criança começa a jogar o macarrão no chão, não adianta explicar durante 10 minutos o porque que não deve jogar comida no chão. Simplesmente tire o prato com calma e diga que isso não se faz. Ele entenderá melhor a mensagem.

7. Tenta observar o pequeno colocando-se a sua altura, sem falar nada e esperando com paciência que passe.

8. Evitar que se machuque ou que machuque alguém.
Em outras palavras: Desviar dos tapas sempre (by Mari).

9. Corrigir a conduta.
É importante sempre dizer que determinada conduta não é boa e nunca dizer que eles não são bons.

10. Atuar rápido.
Se demora para transmitir tua mensagem, 3 minutos depois o teu filho já não se lembra o porque da bronca.

11. Muda a estratégia.
O que funcionou quando teu bebê tinha 15 meses, talvez já não seja tão efetivo quando ele faça 2 anos. A Letícia deu a dica: Mudar o foco do conflito e além de paciência, ter criatividade para ajudar a mudar o foco mais rapidamente.

12. Dá um tempo
Para as “birras” mais terríveis e quando as alternativas acima não surtiram efeito, uma opção é se afastar durante poucos minutos e esperar.

13. Quando você perceber que ele começa a se acalmar, dizer baixinho palavras para que ele se dê conta que você o entende. (você ficou bravo, né?… é porque você queria tal coisa… )

14. Quando você perceber que ele baixou a guarda, ofereça um abraço (o necessitareis os dois).
É importante terminar uma discussão de disciplina com um comentário positivo, e amoroso, isso demonstra que você é capaz de esquecer, perdoar e olhar pra frente em vez de ficar ressentida.

15. Propor uma alternativa
Depois da catarse, eles necessitam agarrar-se em algum êxito. E no dia a dia, oferecer (quando possível) duas opções é uma boa forma que eles se sintam com poder de decisão.16. E se alguma vez, perder a calma, falar pra si mesmo:
“Está tudo bem, não sou a primiera mãe (ou pai) que perde as estribeiras com uma birra”.

E tentar fazer diferente a próxima vez…

CAPÍTULO 2: Entendendo o processo.

Referencias para este post:Miquel Àngel Alabart (psicopedagogo e editor da revista Viure en família).
Link 1 e 2
Ari Brown, M.D. y Denise Fields. Livro Toddler 411: Clear Answers & Smart Advice for Your Toddler

Rosa Jové, com o texto: Quiereme cuando menos lo merezca por que es cuando mas lo necesito. Link
Forum: Crianza natural
e Dr. Carlos González

Antes de ser mãe

Antes de ser mãe eu dizia que nunca, jamais, nem sob decreto eu iria insistir e forçar o meu filho a comer.
Quer comer? Bem! Não quer? Problema dele.

hahaha

***

A verdade é que forçar eu não forço, mas com o pequeno já a quase uma semana sobrevivendo do ar, de algumas poucas mamadas e insignificantes colheradas de comida eu insisto…

Na verdade, não só insisto, por duas ou três colherzinhas mais, eu canto, danço, coloco vídeos, peço por favor, peço peloamordedeus, finjo que vou comer a comida dele todinha, finjo que o papai vai comer, finjo que dou para a Preta, troco o prato amarelo pelo azul, o azul pelo vermelho, coloco um pouco de azeite, um pouco de queijo ralado, mais um pouco de amor, faço aviãozinho, faço imitações, faço chantagem, deixo ele me ajudar com a colher, deixo ele pegar a colher sozinho, deixo ele fazer bagunça com o prato, rezo e assumo o quão ignorante eu era antes de ser mãe, de tudo que se refere ao mundo materno.

***

Calundu

Segundo o Aurélio, a palavra: Calundu, tem origem africana e vem da palavra kilundu, que é um ente sobrenatural que dirige os destinos humanos entrando no corpo de uma pessoa, a torna triste, nostálgica, mal-humorada.

O João, algumas vezes, quando contrariado, se joga (cuidadosamente pra não se machucar), deita com a cabeça no chão e começa a chorar…

Mas depois deste pequeno “calundu” lá na fazenda, 10 segundos deitado com a cabeça na terra… ele aprendeu que não é em qualquer lugar que se pode fazer birra.

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