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das coisas que um filho ensina – dia 8

As vezes as horas que o pequeno fica na escola, não são suficientes pra fazer tudo que tenho que fazer.

Ontem, depois de buscá-lo, preparei o lanche, coloquei um DVD e voltei pro computador pra tentar terminar um trabalho… Dois minutos depois, o filhote vem pra perto e fala:

– Não quero assistir televisão, quero brincar. Vem brincar comigo?

Respondo, que sim, sim, claro! Deixa só a mamãe terminar uma coisa rápida e já estou com você… Respondo, quase sem olhar pra ele, mas vejo que ele sai do quarto com cara de resignação…

Minutos depois, ele volta.

– Mamãe, acabou teu tempo! Vamos passear?

Olho pela janela e me dou conta que tá fazendo um dia lindo lá fora.

Penso que por mais que tenha aprendido sobre prioridades desde que ele nasceu, ainda não aprendi o suficiente.

desligo o computador e fomos aproveitar o dia lá fora e essa primavera que está de luxo (e tudo passa tão rápido!)

***

O comentário da Fabi, me fez lembrar uma tirinha do Calvin, que eu amo (e repito aqui no blog):

Tirinha: http://depositodocalvin.blogspot.com/

das coisas que um filho ensina – Dia 7

Como já expliquei por aqui, não faço parte do clube das que acordam cantando: “oh happy day” cada manhã, e claro! o pequeno também não.

Uma maneira de que o despertar familiar fosse mais ameno (e por motivos de horários internos e externos também) o super papa é o encarregado de levantar de manhã mais cedo, preparar a vitamina do pequeno e leva-lo pra escola, geralmente me levanto antes de que eles saiam, mas só começo a funcionar mesmo, depois do café, dos e-mails, do reader, e de um tempo acordada, o que é o mesmo que dizer que quase sempre tenho a manhã mal aproveitada.

Só que ultimamente, o super papa, anda viajando bastante e sou eu a encarregada de me levantar mais cedo, preparar a vitamina do pequeno e leva-lo pra escola.

Os primeiros dias foram desastrosos, ele acordava e vinha me acordar, eu tentava convencê-lo de dormir só um pouquinho mais… as vezes ele ficava na cama comigo, outras ia pra sala emburrado… E qualquer uma das duas opções eram horríveis, ou ele ficava a gente dormia um pouco mais, acordava em cima da hora e fazíamos tudo com pressa e emburrados, porque já “tá tarde”… Ou eu levantava ainda mais mal humorada, fazia as coisas meio zumbi, me irritava com qualquer A e (claro!) ele também emburrava e não queria fazer nada, nada, nada!

O final era sempre o mesmo, bico de cá e bico de lá, corre-corre, sem tempo pra negociações (fundamentais para lidar com um garotinho de 3 anos), birras, mal-humor, choro na porta da escola e uma mãe que ainda nem acordou e já tem a sensação de que dia de merda.

Mentalizei que aixó no pot ser (não pode ser, né gente?) e comecei com pequenas mudanças… dormir mais cedo, (cortar as blogadas de madrugada quando o super papa não está), deixar a persiana do quarto aberta e acordar com a luz do dia, (que por sorte é bem antes do filhote acordar) ficar na cama de preguicinha até a hora de levantar, quando ele acordava eu já me sentia acordada, não cantava oh happy day, porque aí já era demais… mas podia desejar um bom dia de verdade, levantar tranquilamente, deixar que ele me ajude a preparar a vitamina, negociar a roupa e como vamos… e como resisti a tentação de 10 minutos mais na cama, vai dar tempo de ir pra escola com as bicis, ou andando e aproveitamos pra levar a cachorra pra passear…

E quando via que começava a cara feia porque hoje “toca cole” (é dia de ir a escola) estou acordada suficiente pra propor: Ah, me lembrei que colocaram uma placa nova no caminho da escola… e ele já mudou a cara, já quis saber aonde, e já está na porta de casa pra sair.

E tudo isso sem eu ter precisado dizer NENHUMA vez JÁ TÁ TARDE (naquele tom histérico, e super  arrependida dos 5 minutos mais que fiquei na cama).

Deixo o pequeno no colégio com a sensação gostosa de que o dia só está começando.

E olha só que ironia, o que minha mãe tanto tentou me ensinar, acabei aprendendo com meu filho, “Deus ajuda quem cedo madruga”!

bom dia pra vocês!

🙂

ok! tenho que reconhecer que ser feliz de manhã, é bem mais fácil na primavera. 😉

das coisas que um filho ensina – Dia 6

Eu era uma pessoa altamente identificada com comida pré-fabricada, industrializada, congelada, preparada e enlatada. Consumía diariamente toneladas de conservantes, corantes, ácidos fumáricos, acidulantes, E-150d, E338, cafeína, E168, E980, etc, etc, etc… sem nem saber da existencia desses.

Daí que fiquei gravida, e eu que sempre fui magrinha, passei a ter um apetite de leoa, juntando o apetite com o fato de que deixei de fumar quando fiquei gravida (e todo mundo sabe que deixar de fumar e ficar gravida são duas coisas altamente engordativas) engordei mais de 20 quilos.

O lado bom de tudo isso, é que por uma estranha razão, fiquei enjoada da maioria das coisas que antes eu consumia sem nenhum tipo de culpa, (o cigarro por exemplo. Thanks God!) e passei a me alimentar melhor porque o corpo pedia comidas mais leves,  com menos gordura (só que em quantidade exagerada), menos açúcar (abre parêntesis para a coca-cola que não deixei de consumir) e mesmo sem a consciência que eu tenho hoje sobre alimentação, foi durante a gravidez que eu comecei o meu processo de me alimentar melhor.

Quando o João nasceu, uma amiga especialista em alimentação energética, nos presenteou com vir a casa cozinhar durante uns dias, com dicas valiosas de alimentos e maneiras de cozinhar, reforçou a alimentação que favorecia a amamentação e fez comidinhas tão deliciosamente saudáveis que foi impossível não me render aos encantos dessa nova forma de me alimentar.

Até que o pequeno completou 6 meses e foi a hora de começar a introduzir sólidos, a partir daí aprendi a ter sempre fruta em casa, a escolher as melhores verduras,  foi quando a geladeira deixou de ser de casa de solteiro pra ser uma geladeira digna de uma família, aprendi a desfrutar de cozinhar, (ok! nunca consegui desfrutar da obrigação de ter que cozinhar todo dia, mas pra quem sempre teve uma preguiça gigantesca pra cozinha, é um super orgulho todas as coisas que sei fazer hoje, principalmente as que faço com enorme prazer).

De lá pra cá, passamos várias fases de alimentação familiar, com a correria do dia a dia, acabo não tendo mais tanto tempo pra me dedicar a cozinha, mas se comparo com minha alimentação de antes, vejo um aprendizado abismal…

O pequeno não é um grande comedor, mas come com prazer frutas e verduras, que normalmente vamos comprar juntos, deixo ele escolher o que quer comprar, vou explicando o nome das verduras (em português, catalão e espanhol, afe!) que com essa a gente pode fazer uma sopa, com aquela um puré e em casa estamos em uma nova fase de descoberta na cozinha, fase em que o filhote adora me ajudar a cozinhar, e lava os alimentos, e pega a panela, coloca o azeite, coloca o sal, experimenta, faz cara de chef e diz que falta mais um pouquinho… só um pouquinho, coloca um tiquinho de nada, mexe, experimenta de novo e faz hummmmmmm e assim ele desfruta de comer a comida “feita por ele” e eu re-aprendo a importância de uma alimentação mais saudável, as vezes com pequenos deslizes e quase sempre feita com muito amor.

Queria agradecer a Anne pelo (lindo!) post : experiências do peito que foi muito inspirador para fazer essa série e em especial para me dar conta quanto aprendi com o João primeiro amamentando e depois cozinhando pra ele (e agora com ele) da importância de comer bem.

das coisas que um filho ensina – Dia 5

Um filho ensina a aceitar que nem sempre as coisas são como planejamos, esperamos ou queremos…

Me ensina a aceitar sem ser passiva, sem ficar de braços cruzados me sintindo “a vitima” ou ” a culpada” e sim, questionando, observando, aprendendo e entendendo que as vezes o “acaso” são as consequencias dos meus atos.

Me ensina a buscar saídas, a aceitar minhas limitações e a querer o “possível” .

Porque no final tudo chega…. no tempo certo!

das coisas que um filho ensina – Dia 4

Com o João aprendi a terapia da dança.

Escolho uma musica alto astral e começamos a dançar, primeiro timidamente no ritmo da musica, geralmente pego ele no colo e dançamos juntinhos pra entrar no clima, depois pulamos, cantamos, levantamos os braços e dançamos livremente com todo o corpo.  Quando ele se anima, se joga no chão e faz uma especie de breakdance, e me desafia pra fazer o mesmo: – Faz isso mamãe.
E lá vai a mamãe tentar o novo passo inventado pelo pequeno, levantamos, nos damos as mãos e rodopiamos,  ficamos meio tontos e quando ele percebe que a musica esta chegando no fim, pede logo: – Ota veiz!

e lá vamos nós…. uma e ota veiz até acabar a sessão.

Pra quem nunca provou. Super recomendo, ajuda a liberar tensões, a descobrir novas formas de expressão, além de uma brincadeira gostosa e uma forma divertida de conexão com o pequeno e com a gente mesmo.

das coisas que um filho ensina – Dia 3

Mamãe, o que é essa “señal”?

Já faz um tempinho que o João se interessa pelos sinais de trânsito e outros sinais que ele encontra por aí.

A pergunta “o que é essa señal” é ouvida e respondida repetitivamente.

Ele já conhece todos os sinais que existe do caminho de casa pra escola, mas não se cansa nunca de perguntar.

Mamãe, o que é essa señal”?

As vezes é fácil responder, mas as vezes, quando ele pergunta pela milésima vez “o que é essa señal” tenho que respirar fundo e tentar evocar o maior aprendizado da maternidade.

A paciência.

Aprender a ter paciência, parece pouca coisa, mas na vida corrida que levamos, com a pressa que a sociedade impõe para que nasçam o antes possível, para que sejam independentes, para que já não mamem no peito, para que durmam toda noite e no seu próprio quarto, para que deixem de ser crianças, porque não temos tempo pra brincadeira. Ter paciência é nadar contra a maré e um grande desafio…

Paciência para quando me pergunta pela milésima vez a mesma coisa, com a emoção que ele sente de aprender uma coisa nova diariamente.

Paciência quando não quer se vestir, quando não quer ir pra escola, quando não quer comer, quando não quer nada, nada nada! Porque esta aprendendo a expressar os próprios desejos e opiniões, porque já se sente grande e (pensa que!) sabe o que quer.

Paciência quando ele derrama a vitamina inteira na pia porque eu estava com pressa e não o deixei que ele me ajudasse a faze-la (como cada dia). E as vezes nos sentimos obrigados a tomar providencias drásticas, para que eles aprendam a lidar com as frustrações… mas talvez o melhor recurso para a difícil arte de lidar com as frustrações seja a paciência, e a melhor forma de ensinar é dando o exemplo.
(e se paro pra pensar, já tive reações mais ridículas com 16 anos, porque esperar algo adulto, racional e emocionalmente estável de uma criança de 3?)… paciência…

Paciência para esperar o tempo certo de cada coisa, até mesmo esperar o tempo de ter mais paciência…. porque não é fácil… é um exercício diário, e muitas vezes cansativo.

Mas é a chave para ser a mãe que eu quero ser e um grande aprendizado para toda a vida.

Obrigada filho,  por mais uma lição, e tenha paciência com a mamãe… ainda estou aprendendo.

das coisas que um filho ensina – Dia 2

… que não importa o tempo que você passou limpando e organizando a casa, pra esperar o super papa que chega hoje de viagem…

Porque o filhote chegou antes da escola e a casa volta a estar bagunçada em

3 … 2 .. 1

(mas quem se importa?)

das coisas que um filho ensina – Dia 1

Hoje tive um dia chato, estou aprendendo uma linguagem nova de programação e quando não consigo me concentrar, até as coisas que eu já aprendi me parecem escritas em japonês.
Passei o dia inteiro entre livros, anotações e o computador, quase nem parei pra comer, entrei em um labirinto e quando estava quase, quase achando a saída, era a hora de buscar o João na escola.

Saio correndo, chego na escola e o de sempre… como foi “el cole”? Comeu o que? etc.…etc.… A verdade é que liguei o automático das perguntas de sempre, peguei o pequeno pela mão e saí andando a passos de adulto ainda pensando no que deixei em casa.

– Mamãe, Mamãe??

QUE? (imaginem o tono)

– Olha isso.

Quando olhei, ele tinha a calça nos pés, que não estava muito bem segura e foi caindo a medida que ele tentava acompanhar o meu ritmo.

Tive uma crise de riso, e ele também, me abaixei pra ajuda-lo a levantar a calça e me dei conta que estava com o filhote já fazia uns 7 minutos, mas só cheguei mesmo, de verdade, naquele momento…
Aproveitei que estava na sua altura e dei um abraço no meu pequeno que ria e repetia: eu tava pelado, eu tava pelado… hahaha

… e como um passe de magica me desconecto dos “problemas” e me sinto muito mais leve…

    amanhã encontro a saída!

E das (tantas) coisas que um filho ensina, RIR como criança (com ele, dele, da gente mesmo e dos problemas) com certeza é uma das melhores lições.

O blog

Passei boa parte desse fim de semana, sozinha em casa, marido viajando e o filhote foi dormir na casa da iaia (a vovó catalana), deu tempo de dar uma organizada geral na casa, de estudar, de acabar um livro a décadas começado, de ver tv e de pensar no blog.

Faz tempo ando num dilema entre participar mais ativamente da blogosfera ou desencanar de vez e dar um tempo… Como eu sei que nenhuma dessas duas opções me fariam feliz, vou levando como dá, postando quando algo me inspira, lendo/comentando quando tenho tempo (e vontade) tentando abstrair quando vejo o mesmo comentário: “…Que lindo o seu cantinhoo.. adorei aqui!!estou seguindo…”  (Bah!) copiado e colado em quase todos os blogs que acompanho.

O caso é que esse fim de semana, resolvi ler o Astronauta desde o comecinho… e me emocionei tanto revivendo todas essas coisas bacanas que a maternidade me proporcionou (e que um dia tive a feliz ideia de registrar)… que deu saudades.

Tenho usado muitas desculpas, para não escrever, falta de tempo, falta de assunto, falta de inspiração…

Talvez esse “esfriamento” seja normal porque as vezes tenho a sensação de que já falei de tudo.  Já falei sobre parto, já desabafei sobre amamentação, birras, alimentação, desmame, desfralde, sono… Já escrevi livremente, já reformulei partes de post por “diplomacia”,  já apaguei comentários ofensivos, e embora deva estar no ranking das não-muito-educadas, já fui até considerada blogueira atenciosa…

A verdade é que já fez mais sentido, mas ainda faz parte da minha rotina, ainda me emociono,  ainda sinto vontade de compartilhar… ainda vale a pena.

Por isso resolvi, fazer um auto desafio, me proponho escrever diariamente (mas sem grandes traumas se pular algum dia) durante 10 dias das coisas que aprendo com a maternidade e do que o filhote me ensina, sem pretensão de escrever nada transcendental nem super original . Só um exercício de estar atenta as pequenas coisas do dia a dia e quem sabe tomo gosto pela coisa e volto a postar com mais frequência..

¿Nos vemos mañana?