Adoro futebol!
E tive a sorte de nascer num país que de 4 em 4 anos, vive a copa do mundo da forma mais intensa e emocionante jamais vivida, é a pátria que calça chuteiras do Nelson Rodrigues, que se pinta de verde-amarelo e que pára inteira para ver a seleção entrar no campo.
Tenho inúmeras lembranças relacionadas a Copa.
Me lembro claramente do primeiro ano que aprendi a ver futebol, em 86, das vitórias, da festa, da minha rua na Pompéia, toda pintada de ” É TETRA BRASIL”, da energia incrível de gritar gol e sentir todo um país gritando junto… lembro da ansiedade pré jogo… do pênalti perdido pelo Zico, o “galinho” que segundo meu pai era o melhor jogador do mundo, da decisão por pênaltis contra a França… do silêncio no final… das cara tristes dos jogadores e torcedores e de chorar junto com eles a tristeza de “voltar pra casa”.
O futebol faz parte da nossa cultura, faz parte da minha brasilidade e das lembranças da minha infância. E o futebol do Brasil, é arte, é jogo bonito, é emoção, é o povo feliz, é um campinho improvisado em cada canto, é paixão desde pequenininho é festa e alegria.
Moreré/Bahia
De 86 pra cá já foram 5 copas, algumas com mais emoção e outras com menos, mas com aquela euforia louca de ser favorito, sempre! Mesmo com todos criticando o técnico, mesmo que o time não esteja nem tão bom esse ano…
Mas é o Brasil, e a esperança de sentir a emoção de ser campeão de novo.
Me lembro de viver o tetra, no interior da Bahia, com direito a comemorar com trio elétrico na mais intensa explosão de alegria.
E de viver o penta, em Barcelona, no ano que cheguei aqui, e comemorar com milhares de brasileiros e simpatizantes, que tingiam as ramblas de verde-amarelo e entre samba, timbaus e fogos gritávamos “a rambla é nossa, ha ha hu hu…”.
***Os catalães apesar de serem apaixonados por futebol, não vibram tanto com a copa do mundo, um pouco porque a seleção espanhola, nunca chegou muito perto de ser campeã, nunca sentiu esse gostinho… 😉 Mas o motivo principal é que os catalães não se sentem espanhois por consequência da história e da repressão cultural que sofreu durante anos…
Camp Nou-Barcelona Foto: Vitão
Na verdade, eu acredito que a maioria deles, (os catalães), principalmente esse ano que o time da Espanha está formado por muitos jogadores do Barça, não seja tão indiferente quanto aparenta ser. Sinto que está rolando uma torcida silenciosa, que não é capaz de vestir a camisa e torcer apaixonadamente porque pra isso, é preciso identificação e pertencimento… Mas já começo a ouvir alguns sussuros esperançosos de uma possível final com a seleção “canarinha”.
Oxalá! Tô torcendo por isso!
Adoraria!
E se por um lado é legal sair na rua, e viver a copa do mundo numa cidade cosmopolita, com turistas e imigrantes de todas as nações (e times, e bandeiras e camisas…), por outro lado, sinto falta da unanimidade das nossas cores e do eco dos gritos de gol fazendo uma ola na rua.
Mas, mesmo assim, a milhas e milhas distante do próprio país, a gente faz a nossa festa, se veste de verde-amarelo e nos juntamos pra ver o jogo.
Nessa copa, a primeira do João, estou mais animada que nunca, fazendo tabelinhas desde o comecinho (super acertadas até agora) e fazendo questão de reunir os amigos brazucas, pra passar pro pequeno um pouco dessa nossa paixão nacional e pra sentir o coração bater mais forte na hora do hino, pular e gritar, me emocionar ao ver o filhote correndo pro abraço na hora do gol, comemorar com ele na repetição e me sentir mais perto do meu querido Brasil…
nem que seja por 90 minutos apenas.
“… É preciso ter o Futebol no sangue, e a gente, neste momento, não dúvida de que qualquer laboratório detectaria a presença do Futebol no sangue de cada brasileiro, numa mistura balanceada com glóbulos brancos e vermelhos…”.
(Mino Carta editorial da Revista Isto É, n° 212 – jan/81)