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Parte 3 : Vale do Capão

Depois do Natal em família, seguindo a rota pre-estabelecida, fomos passar uns dias na Chapada Diamantina, mais precisamente no Vale do Capão.

É difícil explicar com palavras o porque, o Capão é um lugar único. Acho que um ponto importante é pela diversidade das pessoas que passam (e ficam) por ali, pela comunidade formada e sua força cultural, pela riqueza da natureza local, a beleza das montanhas, rios e cachoeiras. E claro! Pela energia do lugar, que dizem – para quem acredita –  provém das montanhas cheias de quartzos e cristais que rodeiam o vale… Seja como for… O Vale do Capão tem alguma coisa especial que alimenta a vontade de ficar mais tempo.

O capão é um desses raros lugares no mundo que ainda não pega celular, mas paradoxalmente tínhamos wifi no chalezinho que alugamos… Têm casas que ainda não tem luz elétrica, algumas pessoas lavam a roupa no rio e cozinham em fogão de lenha (por opção).

O vale oferece opções culturais digno de uma cidade grande, com cursos de todo tipo, desde musica, idiomas (inglês, espanhol, alemão entre outros), curso de construção biodinamica (oi?), de circo, pintura, yoga, massagem…. Um lugar sem transito, nem poluição e nem violência, com contato direto com a natureza… e um montão de estimulos do bem. Um ótimo lugar para uma criança crescer.

 

Chegamos no dia 30 de dezembro, para passar 10 dias, pensando que seriam suficientes pra cansar do meio do mato e ter vontade de sair correndo de volta à civilização… Mas a verdade é que ficamos com gosto de quero mais e se o pequeno não tivesse pegado uma virose nos últimos dias, com certeza tínhamos prolongado uns dias mais.

O tempo que ficamos foi suficiente pra fazer de tudo um pouco, (dentro dos limites de viajar com uma criança de 3 anos, és clar). Desde a cansativa (e divertida) trilha que fizemos com uns amigos e durou mais de 5 horas (ida e volta) com o João pulando de ombro, a colo e à costas, até o relaxante banho de cachoeira e de rio. Também teve apresentação de capoeira, jantar na casa de amigos, tomar cerveja na vila e encontrar catalães por lá… yoga, meditação e até teatro… uma interpretação de “el principito” no circo do capão, que o João amou.

 

Isso sem contar das delicias das comidinhas de lá, o luxo de comer sem luxo, mas com produtos da região, naturais, saudáveis e gostosos. A comida caseira da D. Beli, o café da manhã com pão na chapa (integral e caseiro) e queijo, a coxinha de palmito de jaca da praça e a mais famosa e deliciosa pizza do mundo mundial. a pizza do capão.

Eu gosto tanto dessa pizza que ela merece até um paragrafo próprio. O local da pizzaria é super agradável e o cardápio fácil de escolher, só tem um sabor salgado e um doce. O salgado é mais ou menos assim: pizza integral, tomate, queijo, pesto de azeitonas, e cenoura. O toque especial vem das gotinhas de pimenta com mel. É de comer rezando. juro!

E assim, foi passando os dias… entre pizzas e caminhadas… Inventávamos brincadeiras pro filhote andar cada vez um pouquinho mais, brincávamos de achar as cores do arco-íris, de tocar naquela plantinha que fecha as folhas, descobríamos os animais e as flores. Na hora da soneca da tarde, brincávamos de identificar o barulho dos bichos, dos pássaros, do galo, do grilo…

Foi uma viagem cheia de primeiras vezes pra ele que nunca tinha tomado banho de cachoeira, nem de rio, nem visto um vagalume, nem um mico… E apesar de que no finalzinho ele já estava com vontade de voltar pra casa da tia Alê.. tenho certeza que essa viagem vai ficar na memória.

 

El petit skater

Meu peixinho

Já tinha comentado por aqui que o João ama a piscina, eu sabia pelos comentários da educadora e também pela maneira eufórica e feliz que (na maioria das vezes) ele está quando eu vou busca-lo na esquina da escola, no dia da piscina.

Mas até então não tínhamos tido a oportunidade (obviamente não por falta de vontade) de assistir a “aula de natação” do João.

Mas hoje foi o grande dia, o dia de vê-lo nadar.

E é doido porque passei a semana meio ansiosa esperando o dia do grande evento… E na hora H ao vê-lo saindo do vestiário com a toquinha na cabeça e a toalha na mão, não aguentei e dei aquela choradinha básica, tão comum em mim. Nem sei direito o porque do choro, um pouco por emoção e orgulho de ver o meu petit tão menininho grande e um tanto porque de vez em quando ainda é um baque perceber a evolução das novas aventuras e que ele está inevitavelmente crescendo.

Passado o surto sentimentaloide, sem querer prolongar o papelão, enxuguei as lágrimas e me juntei ao grupo de pais/tietes, todos munidos de celulares, maquinas fotográficas e filmadoras e que desde a arquibancada chamavam, davam tchau e mandavam beijos, enquanto os toquinhos de gente lá embaixo retribuíam com sorrisos.

Sinto muito pelos outros papais, mas não dá pra ser imparcial nessas horas, o João era de longe e sem sombra de duvida, o garotinho mais simpático, alegre e melhor “nadador” daquela piscina. Ele pulou, bateu perna, riu, deu voltas, mergulhou, e cada vez que fazia alguma coisa nova, gritava da piscina, “mira papi, mira mami…”.

…Como se precisasse avisar.. como se pudéssemos em algum momento daquela meia hora desgrudar o olho dele….

Se é que vocês me entendem…



novas descobertas…

A quase 4 anos atrás o super papa, achou que queria mudar, morar no campo, diminuir ritmo, desfrutar da natureza, colher azeitona e plantar uma horta.

Me convenceu (de uma parte) desse projeto, idealizou rotinas e o logo do azeite que ele iria fazer com as próprias mãos… depois de pouco tempo, compramos um terreno, no meio do mato, com uma casinha minúscula em cima da montanha.

Descobri que estava gravida, quando o processo da compra já estava bem avançado, e me lembro do dia que assinamos a escritura e a primeira vez que fomos pro terreno, já sendo nosso.

Lembro da alegria do super papa de ter aquele pedacinho de floresta e de imaginar o filhotinho, correndo, caindo e levantando naquele chão de terra.
O projeto de morar no campo foi ficando distante, (ufa!) mas nem por isso o maridão deixou de investir energia naquele lugar.

O João nasceu, esperamos ele crescer um pouco pra leva-lo a la casa de montanyes, depois esperamos o inverno passar, depois esperamos que o lugar tivesse um pouco mais de infraestrutura para um bebê, depois aconteceram imprevistos e mais imprevistos e mais imprevistos, que nos desanimaram e perdemos um pouco a vontade de estar ali

Até que nesse ano, com a chegada do sol, planejamos subir com uns amigos até a casinha.

E foi assim, que nesse fim de semana o João conheceu finalmente nossa casa de “fusta” – la casa de les montanyes.

É incrível o poder dos “petits” de se adaptarem às mais diversas situações e de captar a energia dos lugares.

Ele não estranhou que ali não tivesse luz, que o xixi tinha que ser feito no mato, que a agua era recolhida de um poço e que dormiríamos no colchão no chão. Muito pelo contrário, ele aceitou as novidades, como se fosse assim que tivesse que ser.

Ficou super bem, escalou “montanhas”, brincou com a água, com a terra, conversou com as formigas, conviveu amigavelmente com besouro e insetos não definidos (e a mamãe se conteve várias vezes pra não gritar e passar o medo tonto de inseto pro pequeno), tomou um baita susto quando uma rã pulou por ali, enquanto ele cavava na areia, mas depois (segurando a mão do pai) foi atrás dela para investiga-la, passeou, brincou com a Preta como nunca, ficou distraído sozinho como nunca, observou as borboletas, encontrou flores azuis, amarelas e brancas, desfrutou do balanço improvisado, compartilhou com o pai o prazer do contato com a natureza, foi apresentado às plantas do lugar, quase conseguiu diferenciar alecrim de tomilho, “subiu” em arvores e no fim do dia, dormiu na rede olhando a lua…

E mesmo sendo o projeto do super papa, e que muitas vezes eu não tenha abraçado a causa tanto quanto ele gostaria, adoro o jeito que ele tem de incentivar o nosso astronautinha a desfrutar da natureza e o agradeço por isso.

Nesse fim de semana, descobrimos que não precisamos de grandes eventos para ser feliz.

E espero, filho, que você possa sempre admirar as coisas lindas que estão ao nosso redor e possa enxergar sempre a felicidade das coisas pequenas e simples.

Som culés!*

*O antigo estádio do Futebol Club Barcelona, na calle Industria não tinha grades no exterior e sempre estava cheio de torcedores que se sentavam nos muros. Quem passasse pela rua e olhasse pra cima, tinha a bela visão de um monte de bundas, por isso desde essa época (mais ou menos em 1920) os torcedores do Barça foram carinhosamente apelidados de culés (se pronuncia: culês). Bunda em catalão = cul. (super cool, eh?) E a tradução literal de culers seria algo como bundões.

E o João, o papai e a mamãe como bons culés, fomos comemorar ontem (a mais que merecida) vitória do Barça na Liga Española, em plena Plaça Catalunya.
Claro que não deu pra ficar muito, e nem pra se meter lá no meio da muvuca, mas quando o jogo acabou não resistimos, pegamos as bicicletas e fomos dar um passeio lá no centro, pro João começar a familiarizar-se com a bagunça.

E ele, com o espirito culé do alto dos seus 2 anos e meio, se deixou contagiar com a energia do lugar, e gritava junto com a multidão: Barça, tantantan, Barça!!!

VISCA EL BARÇA!! VISCA EL BARÇA!!

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Aventura